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cronicas-->As celas de produção -- 25/07/2002 - 20:29 (Mauricio Boghosian) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Existiu um mundo onde todos, com exceção de poucos, tinham suas vidas cerceadas e limitadas, seu terreno curto e sua sobrevivência dependente do esforço coletivo, em sua totalidade. Todos viviam em celas, estilo prisão perpétua, separados em alas, por função, com esteiras carregando tudo entre as alas. Com funções bem definidas, cada indivíduo fica responsável por uma tarefa de sobrevivência da coletividade. Assim, todos os agricultores, por exemplo, ficam juntos e realizam especificamente sua função, sem interrupções, até terem colhido sua produção. Então colocam na esteira o excesso produtivo e enquanto pegam os bens de consumo que estão chegando por esta. Sua colheita enviada chegará primeiro em celas de manufatura onde será manipulada e transformada. Cada operário dessas celas realiza uma função específica: uns separam os grãos da esteira, outros trituram ou misturam, enquanto mais alguns recolocam os novos produtos em excesso na esteira e pegam outros que chegam para seu consumo.

Esta sociedade onde viviam tinha harmonia, equilíbrio e funcionalidade. Mas um dia alguém parou sua atividade... Olhou para o lado e procurou motivos para o que fazia, perguntou-se por que fazia aquilo e de onde vinham as matérias primas para sua atividade... O tempo em que ficou parado produziu algo desconhecido até então, a ociosidade. O trabalho de sua equipe não acabou no tempo certo ocasionando acúmulo demasiado de matéria prima para sua atividade antes de sua cela e falta de matéria prima para as celas seguintes, que, por ficarem paradas, praticaram a ociosidade mesmo sem saber ou sentir. Assim a ociosidade começou a espalhar-se, o tempo não era apenas ocupado com atividades manuais, descanso e alimentação; criou-se o pensamento e a imaginação. Logo descobrem que está acontecendo algo inusitado: a esteira por vezes carregada em excesso e outras vezes vazia vai passando a sua frente. Os produtos vão se perdendo e caindo da esteira, então alguém foge da cela. Fora de sua atividade, num mundo novo e único, apavora-se, mas logo consegue alimento e tudo o mais que tinha na cela com as sobras que caem da esteira.

Ao verificar-se sem atividades ou obrigações descobre outro bem para sua vivência: a liberdade. E seguem-se descobertas, pois parte em exploração ao novo mundo e percebe que existem muitas outras pessoas vivendo nesse mundo, assim como muitas outras celas espalhadas por ele onde cada um tem uma função ininterrupta como era a sua. Descobre que no fim da esteira existem pessoas desregradas, sem capacidade para qualquer atividade, função ou mesmo exploração do que os cerca. Vivem dos restos e degetos que passam e chegam pela esteira; é como uma cela também sem fronteiras, limites ou tarefas, mas os mantém tão presos quanto aqueles que tem ocupação e função ininterrupta nas celas.
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