A história dos hebreus está contida na Bíblia , no Antigo Testamento o Pentateuco ( 5 primeiros , atribuídos a Moisés, relatam a criação do mundo e história dos hebreus até a terra prometida . Livros Históricos – descrevem o estabelecimento dos judeus na Palestina e a evolução da monarquia . Livros Proféticos – contém as palavras dos profetas . Livros Hagiográficos – temas místicos, morais , apologéticos.
A Bíblia embora contenha relatos históricos não é um texto histórico . Ela foi escrita ao longo de centenas de anos , portanto muitas das narrativas que descrevem fatos da vida dos hebreus , na realidade , pela evidência arqueológica coletada recentemente são apenas fruto da imaginação dos narradores .
Neste sentido, para uma corrente de arqueólogos denominados minimalistas , todas as principais narrativas da Bíblia com relação a história dos judeus , como o êxodo , a existência do rei Davi , não passam de fantasias .
Os hebreus são junto com os egípcios povo de maior importância para o mundo moderno, pois deram o substrato para a religião cristã, concepções de moral e teoria política.
Os hebreus (significado povo do outro lado do rio) , são de origem semita e iniciaram deslocamentos por volta de 2000 ªC. No tempo do I Império Babilônico, com Hamurabi, vivam perto de Ur, agrupados em clãs , dirigidos por patriarcas.
Após Noé, Abraão conduziu o povo para a terra prometida, a Palestina no século 18 ªC.
Não há registro de migrações de Ur em direção a Canaã que justifiquem o relato bíblico e, naquela época os camelos mencionados ainda não haviam sido domesticados .Lugares citados na viagem como Hebron e Bersheba , ainda não existiam . Hoje a análise filológica dos textos indica que Abraão foi introduzido no Torá entre os séculos VIII e VII ªC. , mais de 1000 anos após a suposta viagem .
Segundo a evidência histórica hebreus e cananeus são o mesmo povo . Por volta de 2000 ªC. , os cananitas viviam em povoados nas terras férteis dos vales e os hebreus eram nômades nas montanhas . Com a chegada de invasores no final da Idade do Broze ( 1300 a 1000 ªC) , as cidades declinaram e os hebreus ocuparam os vales em um longo e pacífico processo de infiltração.
Depois seguiram-se Isaac, Jacó (chamado Israel forte contra Deus por que lutou contra um anjo enviado pelo Senhor.
A Palestina é formada por uma faixa junto ao Mar Mediterrâneo com planícies férteis, e litoral desfavorável à navegação. Uma zona de montanhas e colinas áridas . Uma longa e estreita depressão onde corre o rio Jordão e forma-se o Mar Morto. Dois planaltos semi-áridos que precedem os desertos da Síria e da Arábia.
A Palestina era uma região com chuvas escassas, topografia acidentada, estéril e inóspita, mas um paraíso diante do deserto da Arábia.
As condições são rudes, dificultando a prática da agricultura, á exceção das margens do rio Jordão . posição estratégica por ser local de passagem obrigatória entre África e Ásia e entre Egito e Mesopotâmia.
Antes da chegada dos hebreus vivam na região vários povos . Na planície costeira os cananeus e filisteus. No sul povos nômades semitas , os amalecitas e no norte e leste os elamitas, moabitas e arameus. Os arameus falavam aramaico, língua comercial no Oriente Médio e língua oficial dos povos habitantes do Eufrates e do Egito à época dos persas.
IMIGRAÇÃO PARA O EGITO
Secas na Palestina levaram os hebreus a imigrarem para o Egito por volta de 1700 ªC. empurrados ou acompanhando os hicsos . Segundo a Bíblia, José (um dos 12 filhos de Jacó – 12 tribos de Israel) foi vendido pelos irmãos a um mercador egípcio, acabou projetando-se , como ministro do faraó, e chamando seus irmãos.
Com a expulsão dos hicsos (1580 ªC.), a vida dos hebreus tornou-se difícil, acabaram sendo escravizados.
Com Moisés , um príncipe rebelde que se tornou líder do povo hebreu e lutou pelo monoteísmo , narra a Bíblia , os judeus deixaram o Egito em 1250 ªC. As pragas narradas na Bíblia referem-se a fenômenos naturais . Após atravessar o Mar Vermelho, alcançaram a Península do Sinai , vagando 40 anos antes de chegar na Palestina. No deserto, Moisés revelou as tábuas da Lei, estabelecendo a aliança de Deus com os filhos de Israel, generalizando o culto a Javé, antes restrito aos povos pastores que habitavam o Sinai.
Não há evidências arqueológicas ou históricas da existência de Moisés ou dos fatos descritos no Êxodo . Muitos reinos e locais citados na jornada de Moisés pelo deserto não existiam no século XIII ªC. , quando o Êxodo teria ocorrido , mas só viriam a existir 500 anos depois , justamente no tempo dos escribas deuteronômicos . Também não havia um Monte Sinai , onde Moisés teria recebido os dez mandamentos . Sua localização atual no Egito , foi escolhida entre os séculos IV e VI d.C. por monges cristãos bizantinos , por que ele oferecia uma bela vista .
Suspeita-se que o faraó na época do êxodo era Ramsés II . Tal possibilidade decorre que em um texto do reinado de Mernepta , filho de Ramsés , os israelitas são citados , já fora do Egito.
JUÍZES E REIS
Durante 2 séculos , os israelitas lutaram para instalar-se na Palestina. Josué distribuiu os vários clãs em 12 tribos, distribuindo as terras conquistadas. A sedentarização fez renascer certas práticas idólatras . A resistência contra os cananeus e os filisteus tornava necessária a união das tribos e a restauração da fidelidade religiosa.
SAUL
Surgiram juizes escolhidos para comandar e preservar religião . Os mais famosos foram Jedeão, Jefté e Sansão . Saul foi o primeiro rei dos hebreus em 1010 ªC. Não governou bem devido a indispor-se com Samuel o último dos juízes. Davi solapou seu poder, vencendo batalhas enquanto Saul as perdia A derrota dos hebreus levou Saul ao suicídio e Davi sucedeu-o em 1006. Não há registros históricos da existência de Saul , mas a arqueologia mostra que boa parte dos hebreus ainda vivia em aldeias nas montanhas nesta época ( 1.000 ªC) , assim Saul seria um entre os muitos líderes tribais hebreus .
DAVI
Davi derrotou os filisteus, encurralando-as em uma faixa da costa ao sul. Venceu também os moabitas e arameus, assegurando a independência do reino de Israel. Governou por 40 anos, um dos reinados mais gloriosos. Davi capturou Jerusalém dos jebuseus. Segundo descobertas recentes do pesquisador israelense Dan Gill os jebuseus sentiam-se seguros por trás dos muros da cidade. Naquela época devido a não haver meios adequados de sítio uma guarnição só se rendia se faltasse comida ou água , daí ser comum os sítios durarem meses ou anos., O abastecimento de água de Jerusalém vinha da fonte de Sion, situada a sudeste da cidade. Havia três sistemas para transportar a água, dois deles subterrâneos , como se verificou agora , construídos engenhosamente aproveitando canais naturais preexistentes na rocha. E foi justamente aproveitando estes canais é que um dos tenentes de Davi, Joab, penetrou com uma pequena força por eles e abriu as portas da cidade para o exército invasor , possibilitando a conquista de Jerusalém pelos hebreus. O Poço de Warren, hoje é local de visitação arqueológica. (F.S.P. 20.12.91, p. 6-1).
Não há qualquer evidência das conquistas de Davi narradas na Bíblia , como sua vitória sobre o gigante Golias . As cidades cananitas , mencionadas como destruídas por seus exércitos teriam continuado sua vida normalmente . Ao que parece David foi apenas o líder de um grupo de rebeldes que vivia nas montanhas
Pesquisa publicada em outubro de 2008 na revista “PNAS” , da Academia de Ciências dos EUA , por uma equipe internacional de 11 pesquisadores , liderada por Thomas Levy , da Universidade da Califórnia, em San Diego a partir de novas escavações em um complexo de mineração e fundição de cobre na Jordânia, recuou a data da utilização do local em mais dois séculos , com isso indicando que os reis israelitas David e Salomão poderiam ter obtido o metal ali, no século 10 antes de Cristo .( F S P,, 28.10.2008 , p. A-16) .
SALOMÃO
Sucedeu Davi. Governou de 966 a 933 ªC. Foi o maior rei de Israel. Houve extraordinário desenvolvimento da atividade comercial. Época de grande riqueza. Várias festas religiosas foram instituídas. Bom diplomata e ativo protetor do comércio. Os fatos de sua vida não dão base para a crença de sua célebre sabedoria. Ambicionando copiar o luxo e a magnificência dos déspotas orientais , construiu suntuosos palácios , estábulos para 4000 cavalos e o luxuoso templo de Jerusalém , importando muito material e exaurindo a população.
Uma placa de pedra , datada do século IX ªC. , encontrada na região da Esplanada das Mesquitas contendo instruções em fenício para o reparo do edifício pode ser a primeira evidência arqueológica da existência do Templo de Salomão . ( F S P 15.01.2003, p. A-12) .
Quanto ao império de Salomão , não foram achadas ruínas da arquitetura monumental em Jerusalém ou em qualquer outra das cidades citadas na Bíblia . Ao contrário , a arqueologia prova que a cultura cananita , que segundo a Bíblia teria sido destruída, continuou viva e é mais provável que Davi e Salomão teriam sido apenas pequenos líderes tribais de Judá , um Estado pobre e politicamente inexpressivo , localizado no Sul da Palestina , ou eventualmente apenas sejam mitos . As datações das ruínas da região mostram que Salomão nunca construiu palácios.
DECLÍNIO POLÍTICO
A morte de Salomão em 933 provocou um cisma, constituindo-se dois reinos. Reino de Judá, capital Jerusalém, com rei Roboão, sucessor de Salomão com duas tribos Benjamim e Judá e as outras tribos agruparam-se em torno de Jeroboão , formando o Reino de Israel, capital Samaria. Com a divisão, o reino de Israel mais urbanizado e comercialmente desenvolvido, fugiu ao culto de Javé , mantido no Sul, no reino de Judá, mais agrícola e pastoril.
REINO DE ISRAEL
Jeroboão filho de uma das 700 esposas e 300 concubinas de Salomão praticamente aderiu ao paganismo, encontrando oposição dos profetas, principalmente Elias. O reino enfraqueceu-se e foi dominado pelos arameus. Recuperou-se posteriormente , mas foi novamente atacado pelos assírios com Tiglatfalasar III e em 722 anexado por Sargão II ao Império Assírio.
Pela evidência arqueológica este foi o grande momento da história hebraica . Entre 884 e 873 ªC. , foi fundada Samaria , capital do Reino de Israel , sob a liderança do rei israelita Omri. Enquanto Judá permanecia pobre e esquecida no Sul, os israelitas do norte faziam alianças com os assírios e egípcios e viviam um período de grande desenvolvimento econômico . O rei Ahab, filho de Omri , ordenou a construção dos palácios de Megiddo e as muralhas de Azzor , das quais existem restos arqueológicos.
O reino do Norte foi efetivamente conquistado pelos Assírios , atraídos pelo seu desenvolvimento econômico e houve uma desintegração dos hebreus , levados para a Assíria como escravos .
REINO DE JUDÁ
Levavam vida calma, seguindo os ensinamentos de Moisés e mantendo relativa neutralidade política.
Pela evidência histórica os assírios não se interessaram pelo domínio do Sul devido à sua pobreza , mas com a desintegração do Norte , Judá cresceu enormente . Cidades como Jerusalém e Lachish cresceram e foram fortificadas . Abriu-se a oportunidade de unificar os hebreus , mas era preciso convencer as tribos do norte de que Judá fora escolhida por Deus para unificar os hebreus e acabar com o politeísmo que voltava a crescer no norte .
Assim Josias foi escolhido para assumir a posição de rei unificador . Durante uma reforma no Templo de Jerusalém , em seu governo , foi "encontrado" ( na verdade não há dúvidas de que o livro foi ali colocado de propósito) , o livro de Deuteronômio , com todos os ingredientes para uma ampla reforma religiosa e social até com profecias de que um rei chamado Josias , da casa de David , seria escolhido por Deus para salvar os hebreus . Josias consegue seu objetivo de centralizar o poder , mas morre em batalha . Judá revolta-se contra os Assírios e Senaqueribe invade a região, destruindo Lachish e submetendo Jerusalém . A destruição de Lachish , narrada em detalhes na Bíblia , também aparece num relevo encontrado em Nínive, a antiga capital assíria , havendo coincidência com a narrativa bíblica .
Após a queda do Império Assírio, o Egito e a Babilônia passaram a disputar os seus territórios e Judá aliou-se aos babilônios, sendo derrotado. A penetração de deuses , contribuiu para por fim à independência política e religiosa de Judá.
Os babilônios comandados por Nabucodonosor conquistaram Jerusalém em 587 ªC. e muitos judeus foram deportados para a Babilônia . Foi o chamado Cativeiro da Babilônia que durou 50 anos. Outros se espalharam pelo mundo, dando início à Diáspora.
Jeremias em 25:9 profetizou a queda de Jerusalém , o cativeiro da Babilônia por 70 anos e depois o fim do Império Babilônico como castigo divino .
NO Apocalipse 18, 8 consta uma profecia sobre o fim da Babilônia .
Com a tomada da Babilônia por Ciro, rei persa em 539 ªC. os judeus regressaram á Palestina, formando um estado vassalo dos persas, até 332 quando Alexandre conquistou a região que depois tornou-se parte do reinado de Ptolomeu. . Em 63 ªC. a região tornou-se um protetorado romano.
Em 67 d.C. houve luta entre 60.000 legionários chefiados pelo Gal. Vespasiano e rebeldes judeus Após 47 dias de luta os romanos tomaram a fortaleza de Yodefat e venceram a batalha. Os judeus foram liderados por Bem-Matitayhu, que após o combate abandonou seus companheiros e mais tarde aderiu aos romanos, servindo como assessor de Vespasiano ( eleito imperador) , sob o nome romano adotivo de Flavius Josephus, escrevendo muitos volumes sobre a história dos judeus e inclusive sobre esta batalha. O local da batalha foi localizado por arqueólogos israelenses.(F.S.P. 13.8.92).
Em 70 d.C. os judeus revoltaram-se contra os romanos e o filho de Vespasiano , Tito destruiu Jerusalém, inclusive o suposto templo de Salomão, que havia sido reconstruído por Herodes . Sua restauração depois foi impedida , pois os romanos queriam deixar as marcas da destruição como símbolo contra novas revoltas .
A FORTALEZA DE MASSADA
O monte Masada com 430 m de altura fica perto do Mar Morto. Durante o governo de Herodes, centenas de escravos construíram uma fortaleza inexpugnável no monte, com cisternas gigantes, torres de defesa, arsenais e armazéns para servirem de palácio real. Com a revolta dos judeus em 67 , um grupo de judeus capturou a fortaleza de uma guarnição romana, passando a ser local de refúgio do domínio romano, chegando a ter 960 pessoas em 72. Os siccários acreditavam que os romanos não atacariam o local , porém enganaram-se pois o que importava não é o isolamento da fortaleza , mas a permanência de um símbolo de resistência que os romanos jamais aceitariam .
O governador romano Flavius Silva decidiu reconquistar o monte e para lá se dirigiu com dez legiões. A fortaleza tinha provisões para vários anos e água abundante devido a reservatórios construídos na pedra e uma engenhosa rede de canais que canalizava a água da chuva .
Os romanos pacientemente construíram 8 acampamentos na base da montanha e depois uma muralha de pedra em volta da mesma com 3 metros de altura e 1,5 de largura para evitar a entrada de suprimentos e fugas .
Para invadir a fortaleza , construíram uma rampa até a base dos muros , pela qual trouxeram um aríete para derrubar as paredes . Atacavam com catapultas para impedir os inimigos de ficarem nas muralhas .
Por 3 anos os judeus resistiram sob o comando de Eliezer Ben Yair. Quando perceberam que iam ser derrotados, inundaram sua própria fortaleza, salvando entretanto as provisões, para deixar claro que não foram vencidos por falta de comida ou água, preferindo a morte à escravidão, suicidando-se coletivamente em 73 d.C., cerca de 960 judeus zelotes em um dos maiores suicídios ocorridos na história.
Quando os romanos entraram , não encontraram nenhuma resistência e depois de muita busca teriam encontrado os corpos . Só existe uma fonte histórica sobre o cerco a Massada que é Josefo , que não estava no local na época . A hipótese de suicídio coletivo é contestada por alguns historiadores , pois não há evidências arqueológicas no local de ossadas , porém a história de Josefo coincide em muitos outros aspectos como a descrição do local , as obras feitas pelos romanos para o cerco , os incêndios ocorridos na muralha , etc.
Agitações ocorreram na Judéia entre 115-117 e foram severamente reprimidas.
Adriano, imperador romano mudou o nome da cidade de Jerusalém para Aelia Capitolina e proibiu a entrada de judeus, dedicando-a a Júpiter . Ordenou a construção de um templo dedicado a este deus , no lugar do templo de Jerusalém e proibiu a circuncisão .
Em 135 nova e última revolta levou os judeus a se dispersarem pelo mundo, a diáspora final . O gal. Julius Severus massacrou milhares de judeus, os da chamada revolta Bar-Cochba . Não há um documento veraz disponível, só lendas transmitidas verbalmente por gerações de vítimas..
No século IV d.C Jerusalém foi cristianizada quando o imperador Constantino aderiu ao cristianismo.
No século VII d.C. Jerusalém , tomada pelos turcos em 638 d.C. foi islamizada pelos adeptos de Maomé.
Em 1948 Israel ocupou parcialmente a cidade, contra os termos da petição da ONU, com a Jordânia controlando o lado leste.
Em 1967 Israel ocupou totalmente a cidade.
RELIGIÃO DOS HEBREUS
Período pré-mosaico até 1100 ªC.
Animismo, adoração de espíritos que residiam em árvores , montanhas, poços e fontes sagradas ou em pedras de forma especial. Diversas formas de magia – necromância, magia imitativa, sacrifícios de bodes expiatórios e depois deuses antropomórficos.
Período monolatria – Séc XII ao IX ªC.
Adoração exclusiva de um único deus, sem no entanto negar a existência de outros deuses. Influência de Moisés – Javé, Concebido em termos antropomórficos, possuía um corpo físico e tinha qualidades emocionais dos homens. Era caprichoso e irascível, capaz de julgamentos tanto maus e raivosos, quanto bons. Seu poder se limitava ao território ocupado pelos hebreus. Javé venerado como legislador supremo e inflexível mantenedor da ordem moral do universo. Religião estava misturada com certos elementos de fetichismo, magia e mesmo superstições grosseiras que ficaram dos tempos mais primitivos, ou adquiridas dos povos vizinhos. Variava desde a adoração da serpente , até os sacrifícios sangrentos e licenciosas orgias de fertilidade. No fim do período a superstição e a idolatria progrediram. Seitas ascéticas dos nazireus e necabitas pregavam a aversão a tudo o que era estrangeiro. Elias matou sacerdotes do culto de baal.
Revolução profética Séc VIII e VII ªC.
Trabalho de reforma religiosa realizado pelos grandes profetas : Amós, Oséias, Isaias e Miquéias. Não pregava volta ao passado, mas nova filosofia e concepção .Defendiam 3 idéias básicas:
1. Monoteísmo – Javé é o senhor do universo;
2. Javé e exclusivamente um Deus de retidão. Sua força é limitada pela justiça e bondade. O mal do mundo vem dos homens e não de Deus;
3. Os fins da religião são principalmente éticos. Ritos e sacrifícios não são essenciais.
Purificaram a religião, mas tinham escassa índole espiritual. Em lugar de cogitar da vida do além era orientada para esta vida. Seus fins eram sociais e éticos, promover uma sociedade justa e harmônica, mas não cogitava em conferir a salvação individual depois da morte. Não havia crença no céu e no inferno ou em Satã como um poderoso opositor de Deus. Sombras dos mortos subiam ao sheol, demorando algum tempo no pó e na obscuridade e depois desapareciam
Eram proibidos de adorar ídolos e por isso ao contrário por exemplo de outros povos da antiguidade , entre os judeus a estatutária é praticamente inexistente ..
Cativeiro da Babilônia 586- 539 ªC.
Judeus adotaram idéias de pessimismo, fatalismo e do caráter transcendental de Deus. Deus deixa de estar intimamente relacionado com os problemas sociais de seu povo. Dever do homem é submeter-se completamente à sua vontade inescrutrável. Para preservar a identidade dos judeus como Nação, seus chefes adotaram ou restauraram costumes e práticas, aumentando o poder dos sacerdotes e transformando o judaísmo em uma religião eclesiástica. Sábado, circuncisão, complicadas distinções entre alimentos puros e impuros, etc.
Período pós exílio 539 – 300 ªC.
Influência do Zoroastrismo persa. Crença em satã. Desenvolvimento de uma escatologia com vinda de um redentor, ressurreição dos mortos e julgamento final. Salvação em um mundo extraterreno e concepção de uma religião revelada.
A vida religiosa foi organizada de acordo com a Torá (lei) , formada pelo Pentateuco.
Única religião monoteísta da Antigüidade .Deus, não podia ser representado por estátuas e até o nome Javé não devia ser pronunciado.
Foi o rabino Moshé ben Maimon, ou Maimônides (1135-1204 d.C.) que escreveu Os 613 Mandamentos (Nova Stella Editorial) uma codificação ordenada dos preceitos contidos no Antigo Testamento, que tiveram contribuição fundamental para manter a unidade dos judeus. “Em seu livro ele apresenta 248 ‘mandamentos positivos’ , número correspondente aos membros do corpo humano conhecidos na época e 365 ‘proibições’ – uma para cada dia do ano solar. Não há uma ordenação hierárquica – todos os mandamentos, segundo Maimônides estão no mesmo nível. Assim o fiel deve, com a mesma fé, jurar em nome de Deus quando está dizendo a verdade, pagar salários em dia , dar graças depois das refeições ou aceitar a decisão da maioria.” (Veja, 18.7.90, p. 88).
• Não emprestar dinheiro a juros;
• Não oprimir um empregado atrasando o pagamento de seus salários;
• Não maldizer um chefe;
• No caso de homens, não usar roupas ou adornos femininos e, no de mulheres, não usar roupas ou adornos masculinos;
• Não raspar a barba;
• Não cometer incesto com sua mãe, filha ou irmã.
O Tanach ( Bíblia Judaica) é composto do Torá (Lei) , Neviim (profetas) , Ktuvin (escritos , salmos, provérbios e o Livro de Jó) , os cinco Meguilot ( Cântico dos Cânticos , Ruth, Lamentações , Eclesíastes , Ester ) e os Livros Históricos ( Daniel, Esdras < neemias , Crônicas I e II ) .
Talmud contém as regras básicas e as orientações aos fiéis sobre higiene e limpeza , casamento, contribuições financeiras, sacrifícios de animais , alimentação e festividades, elaboradas com base nos comentários do Torá ( Lei)
Os judeus guardam o Sábado (shabat) como dia sagrado e rezam três vezes ao dia , de manhã , á tarde e ao anoitecer . Como sinal de respeito a Deus , cobrem a cabeça para orar, com um chapéu ou com um solidéu ( kipá) .
Festas tradicionais
Rosh Hashaná - ano novo judaico , comemorado nos dias 1 e 2 do mês judaico Tishrei ( geralmente setembro ou outubro ) A contagem do calendário judaico começa na simbólica criação do mundo . O ano litúrgico termina com quatro dias de jejum em memória da destruição dos templos judaicos , em 586 ªC. e em 70d.C.
Iom Kipur - dia do perdão , uma das festas mais importantes;
Sukot ( tabernáculo) - comemora os 40 anos durante os quais o povo judeu viveu no deserto ;
Hanukah ( dedicação) - comemora o triunfo dos macabeus .É a festa das luzes .
Purim ( porções) lembra a história da salvação dos judeus persas;
Pessach - a Páscoa judaica , que comemora a saída do povo judeu do Egito, onde eram escravos ;
Shavuot ( Pentecostes) - celebra o momento em que Deus entregou a Torá , no Monte Sinai , ao povo de Israel.
Desmagificação do mundo
Conforme assinala Weber , é com o judaísmo que se origina o processo de desencantamento do mundo , entendido como " desmagificação " , no sentido de construção de um universo religioso que vai suprimindo cada vez mais a magia por crenças de natureza ética . Esse processo culmina no protestantismo e na supressão de qualquer relação ritual entre as criaturas e o Criador.
CULTURA HEBRAICA
Nenhuma descoberta científica. Sem habilidade artística. O templo de Salomão foi construído por artesãos fenícios. No Direito , o código Deuteronômico, com disposições mais esclarecidas que o código de Hamurabi:
a) liberalidade para com o pobre e o estrangeiro;
b) libertação do escravo hebreu que havia servido por 6 anos;
c) juizes e outros escolhidos pelo povo e proibidos de escolher presentes;
d) condenação da feitiçaria, adivinhação e necromância;
e) proibição da cobrança de juros pelo empréstimo entre judeus;
f) ao fim de 7 anos, haveria a remissão de dívidas.
Código democrático e igualitário, de caráter prático e que procurava submeter o rei à lei.
A cultura hebraica teve influência principalmente ética e religiosa. Antes de Cristo, a nação judaica estava dividida em três seitas principais:
FARISEUS – representavam a classe média e a parte mais instruída do povo. Nacionalistas, defendiam o povo no governo e davam a mesma importância a assuntos de cerimonial e a obrigações de ética social;
SADUCEUS – Incluíam os sacerdotes e as classes mais ricas. Negavam ressurreições e recompensas e punições na vida extra-terrena;
ESSÊNIOS – ascéticos, místicos, eram contra a riqueza e o poder dos sacerdotes e governantes. Encaravam o governo com indiferença.
Exceto os saduceus, todos os ramos do judaísmo, influenciaram o cristianismo.
Um fragmento de cerâmica com cinco linhas de texto e mais de 3.000 anos de idade foi encontrado perto do portão do local conhecido como “Fortaleza de Ela”, a 30 km a oeste de Jerusalém , no vale onde se acredita que aconteceu a batalha entre Davi e Golias .
O material foi decifrado por Gershon Galil, da Universidade de Haifa , que identificou a escritura como hebraico , o mais antigo registro conhecido do idioma . As inscrições estavam em protocananeu – usado por israelitas , filisteus e outros povos da região e o texto é um manifesto social, referente a escravos , viúvas e órfãos e não é cópia de nenhum texto da Bíblia . ( F s P , 9.1.2010 , p. A-15) .
LITERATURA
A melhor que o Oriente Médio produziu. Quase tudo conservado no Velho Testamento.
FILOSOFIA
Sobrepujou povos anteriores aos gregos, exceto os egípcios. Livro dos Provérbios e Eclesiastes. Idéias básicas do Eclesiastes:
1. MECANISMO – universo, máquina que marcha eternamente sem acusar qualquer objetivo ou fim;
2. DETERMINISMO – homem é vítima dos caprichos do destino;
3. CETICISMO – É impossível conhecer as últimas causas. Não há provas de existir uma alma ou vida depois da morte;
4. PESSIMISMO – Tudo é variedade e inquietação do espírito. Somente uma boa reputação e a alegria no trabalho executado pelas próprias mãos, são dignas de grande apreço;
5. MODERAÇÃO – Os extremos do ascetismo e prazer, devem ser evitados.
BIBLIOGRAFIA
Amâncio, Moacir; O Talmud ; Editora Iluminuras;
Yerushalmi, Yosef Hayim; Zakhor História Judaica e Memória Judaica; Imago;
Kuperman, Diane; Anti-Semitismo – Novas facetas de uma velha questão ; Pontal Editora;
DIREITO
O direito judaico , se diferencia pelas leis de Deuteronômio , inspiradas diretamente por Deus , reencontradas no Templo de Salomão em Jerusalém e promulgadas pelo rei Josias em 622 ªC. Estas leis não tem a intenção de estipular um acordo explícito entre cidadãos de um determinado reino com seu soberano , mas de estabelecer um pacto de aliança direta entre o povo hebraico e Deus em pessoa. Por intermédio da "Lei " são regulados , um por um , todos os relacionamentos : com deus , com os próprios semelhantes , com os escravos, com os animais , com as coisas . Deus é onipresente e intervém a todo e qualquer instante com as suas ordens peremptórias , com a suas promessas , as suas ameaças terríveis e as suas tremendas maldições contra todos aqueles que ousam desobedecer-Lhe : " Aumentarei contra eles os meus castigos , atirarei todas as minhas flechas : serão abatidos pela fome , consumidos pela febre e por uma horrível peste ; desencadearei contra eles animais selvagens , os golpearei com o veneno das serpentes . Pela estrada , a espada os privará de seus filhos ; nas casas haverá terror ; morrerão tosos , rapazes e moças , lactentes e velhos ... De nada me esquecerei ; tudo permanecerá como um segredo , junto a mim , até o momento da vingança e do castigo ." A pena de morte é frequente , o talião enfurece-se contra todos aqueles que erram : " Chaga por chaga , olho por olho e dente por dente :tanto fez, tanto lhe será feito " ( Masi , Domenico de . Criatividade e Grupos Criativos . Sextante , 2003 , p. 118) .
MANUSCRITOS DO MAR MORTO
Foram descobertos por um pastor beduíno , em 1947 , 930 textos ,gravados em tinta sobre pele de carneiro, escritos em pergaminho , datados entre os anos 250 ªC. e 68 d.C. , que estavam escondidos em onze cavernas de Qumran , próximas ao mar Morto na Cisjordânia , uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos e que tiveram seu acesso restrito por dezenas de anos.
Entre os textos estão a versão mais antiga do Velho Testamento ( completa, com a exceção do Livro de Ester) e uma variedade de comentários místicos .
“Os escritos não mencionam Cristo, nem nenhum dos apóstolos . Em compensação fornecem um quadro completo das crenças e modo de vida de várias seitas judaicas que se confrontavam á época de Jesus. Desse caldo brotou o cristianismo. Descobre-se pela leitura dos manuscritos que o cristianismo, longe de se ter construído em oposição ao judaísmo, é filho dele”
Os textos levam a supor uma relação próxima entre São João Batista e a comunidade religiosa judaica que vivia na localidade de Qumran, onde foram encontrados os manuscritos. Outra coisa, mais interessante, é a inacreditável semelhança entre os textos dos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João e vários documentos encontrados, nas cavernas de Qumran.
Com a destruição de Jerusalém, das várias seitas judaicas restou apenas o judaísmo rabínico. Mas pelas interpretações dos manuscritos teria sobrado outra, o cristianismo.
“Os documentos escritos em hebraico e aramaico mostram que rituais considerados até então exclusivos e fundamentais do cristianismo eram, na verdade costumes judaicos esquecidos nos dias de hoje. Os pergaminhos referem-se a práticas que lembram a Santa Ceia , o Sermão da Montanha e o batismo. Expressões como ‘Filho de Deus’ e ‘Filho do Altíssimo’, comuns nos quatro evangelhos, surgem também nos documentos. Sob esta ótica, a figura de Cristo e o próprio cristianismo parecem menos originais .
Na última ceia, conforme a descrição do Evangelho de Mateus, Jesus serviu pão e vinho aos discípulos dizendo: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo. E bebei , todos vós, porque isto é o meu sangue’. O sacramento encontra paralelo nos textos de Qumran, em que igualmente o pão e o vinho simbolizam a salvação divina. A escatologia, ou expectativa do fim do mundo, também é traço comum entre os cristãos e os autores dos manuscritos. No evangelho de Lucas, o anjo que aparece a Maria para anunciar-lhe a gravidez do Messias , diz:’ Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor lhe dará o trono de Davi(..) e o seu reinado não terá fim’. Um documentos encontrado em Qumran afirma: ‘Ele será grande sobre a Terra, oh Rei! Todos hão de fazer a paz e todos hão de servi-lo. Ele será chamado filho do Grande Deus e por seu nome ele será nomeado. Ele será aclamado como o Filho de Deus , e o chamarão de Filho do Altíssimo (...), e seu reino será um reino para sempre”.
“Há mais que meras coincidências nos dois textos...A hipótese mais provável é que os evangelistas tenham conhecido os textos de Qumran e , simplesmente , transcritos passagens inteiras deles, adaptando-as à vida desse personagem ainda misterioso : Jesus. Os manuscritos acabaram colocando os teólogos da Igreja ante a grave desafio de demonstrar a originalidade das revelações divinas que justificariam sua construção como sistema doutrinário independente”. (Revista Veja, 22.12.93, p. 53-54).
As referências mencionadas no texto das contradições entre as narrativas bíblicas e as evidências arqueológicas estão em artigo publicado na Superinteressante 178 de julho de 2002 p. 40-50 , onde consta bibliografia complementar.
A maioria dos estudiosos acredita que foram produzidos por membros de uma seita de judeus ascéticos , chamados essênios .
A israelense Rachel Elior, professora de misticismo judaico na Universidade Hebraica de Jerusalém , depois de dedicar uma década ao estudo dos manuscritos , concluiu que os textos pertenciam a um clã de sacerdotes conhecidos como saduceus , e que os essênios não passam de uma ficção literária criada pelo historiador judeu Flávio Josefo , que viveu em Roma no século I .
Ela argumenta que a versão fantasiosa foi acatada como verdade desde então, mas que não há uma só menção aos próprios essênios nos manuscritos . “Ao contrário , os autores identificam-se claramente como sacerdotes, filhos de Zadoque . “ . Os saduceus foram banidos de Jerusalém no século II a.C. e Elior acredita que os manuscritos são parte da biblioteca do templo levada por eles para um esconderijo seguro no deserto .
Para Elior , descrições dos essênios feitas por antigos gregos e romanos afirmam que havia milhares deles vivendo em uma comunidade e que evitavam o sexo. Isso chama a atenção , pois ia contra a exortação bíblica de “crescei e multiplicai-vos” , respeitadíssima no judaísmo . “Não faz sentido milhares de pessoas terem vivido em desacordo com a lei religiosa e não haver menção alguma a eles em textos ou fontes judaicas do período “ .
Bibliografia : Shanks, Hershel ; Para comprender os Manuscritos do Mar Morto;
Wilson, Edmund; Os Manuscritos do Mar Morto ; Companhia das Letras.
