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Artigos-->Uma rua chamada Carrano -- 31/08/2010 - 21:55 (Pedro Wilson Carrano Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA RUA CHAMADA CARRANO



Muitos recreenses que passam pela Rua Carrano, no centro de sua cidade, talvez não tenham conhecimento do motivo de um logradouro com aquela denominação.



Para isso, seria preciso viagem no tempo até o ano de 1881, parando na Comuna de Tramútola, Província de Potenza, Itália. Lá encontraríamos o lavrador Nicola Carrano lendo carta que acabara de receber de seu irmão, Carlo Michele Carrano, residente em Piraí, no Brasil, que queria tê-lo como padrinho de batismo de seu filho Júlio.



A gente já sabe o que aconteceu. Acalentando de muito a vontade de conhecer um país tão apreciado pelo mano, Nicola não teve dúvidas: após a concordância da esposa, pegou um vapor no Porto de Nápoles e atravessou o Oceano Atlântico para matar as saudades de Carlo e conhecer o maior país da América do Sul. O que encontrou correspondeu à sua expectativa, levando-o a sonhar com o dia em que se fixaria nestas bandas do Novo Mundo.



Em abril ou maio de 1883, um momento de amor com a mulher Maria Carolina Tavolaro levou-a à gravidez, o que não impediu o casal de embarcar em Nápoles, em 14 de junho do mesmo ano, no vapor “La France” (proveniente de Marselha, na França), que ancorou na Baía da Guanabara vinte dias depois, encontrando um Rio de Janeiro frio e nevoento, em contraste com o verão deixado na terra natal.



Em 1º de fevereiro de 1884, nasceu em Piraí o filho Giuseppe (ou José, como constou do registro do batismo em 10 de maio do mesmo ano), com os tios Carlo Carrano e Carolina Bacca como padrinhos. Nicola e Maria Carolina ainda retornaram à Itália por volta de 1893, acompanhados dos três filhos nascidos no Brasil (José, Rosária e Antonieta), para receber propriedades herdadas de ancestrais, ali permanecendo por alguns anos.



Retornando ao Brasil, foram residir em Itapiruçu, no Município de Palma, onde Nicola adquiriu terras para a lavoura. Na localidade faleceram Rosária e Maria Carolina em 1905 e 1910, respectivamente. O filho José estabeleceu-se com uma sapataria em Conceição da Boa Vista, distrito, então, do Município de Leopoldina, onde fez boa clientela e casou, em 29 de abril de 1905, com Maria da Conceição Lima, irmã do comerciante Francisco Antônio de Azevedo Lima. Na localidade nasceram os filhos Edson (1906) e Otacília (1907).



Entre os seus clientes estava Teófilo Barbosa da Fonseca, filho do Visconde de São Manoel (ambos sepultados no Cemitério de Conceição da Boa Vista), que passou a encomendar ao sapateiro a fabricação de calçados sob medida para os membros de sua família. Começando com um trabalho artesanal, José Carrano adquiriu equipamento para produção de sapatos em maior quantidade, mudando-se para o Distrito de Recreio, onde se instalou em um grande prédio situado na esquina das Ruas Conceição e Ferreira Brito. Ali vieram ao mundo as filhas Edith (1910), Odívia (1912), Olga (1914) e Nair (janeiro de 1916) e faleceu a esposa Maria da Conceição (fevereiro de 1916).



José casou-se novamente, em 1918, com Maria José Reiff Guimarães, que lhe deu mais sete filhos: Jopson (1919), Gilson (1921), Eny (ou Irmã Maria de Santa Aquilina, nascida em 1923), Hudson (1924), Nely (1926), Wilson (1928) e Ibson (1938). Seus negócios desenvolveram-se bastante. Em carta de 28 de fevereiro de 1989, dirigida ao autor deste artigo, Mauro de Almeida Pereira faz o seguinte comentário: “... o seu avô, José Carrano, antes de ser comerciante em Recreio, era industrial, pioneiro da indústria de calçados. Ainda menino, lembro-me bem das diversas máquinas de fazer calçados de que se compunha a fábrica. Imagine a importância do pequeno distrito de Recreio, naquela época (idos de 1920 a 1925).”



Seu pai Nicola havia retornado à Itália depois da morte da esposa em 1910. Após alienar seus bens naquele País, retornou ao Brasil em 1914, vivendo com os filhos em Recreio até sua morte em 1920. Os negócios de José ampliaram-se, passando, como mostra o jornal “O Recreio” em sua edição de 8 de dezembro de 1929 (a mesma que comunicou o casamento de seu filho Edson Carrano com a jovem Lucília de Castro), ao ramo de comissões, consignações e conta própria, com comércio por atacado de açúcar, cereais, sal, couros salgados e peles. Em 1936, tinha também depósito de material de construção (cimento, cal, etc.), sendo, ainda, comprador de café e representante do Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais. Publicação oficial na Gazeta de Leopoldina mostra que era, então, o maior arrecadador de impostos municipais do Distrito de Recreio.



Conforme publicado em edição histórica do “Jornal de Recreio” de 17 de fevereiro de 1989, ele foi, assim como seu genro Wilson Albuquerque (que seria o primeiro Vice-Prefeito eleito de Recreio, na chapa do Prefeito Darcy Nunes de Miranda), um dos primeiros residentes que assinaram, em 1º de janeiro de 1939, a ata da reunião fundadora do Município.



Foi, ainda, um grande incentivador de empreendimentos culturais, entre os quais se destacava a Lyra 1º de Maio. Em foto extraída da edição do jornal “Voz da Cidade” de 7 de dezembro de 2002, onde a banda aparece, ele é o primeiro a aparecer no lado esquerdo de quem olha para o retrato.



Por tudo o que José Carrano fez por Recreio, a comunidade recreense deu o nome Carrano à rua da cidade onde se encontrava a bela casa em que residia, a qual tinha à sua frente varanda em estilo romântico, um belo jardim e leões de louça que protegiam a residência. Ao fundo, o Córrego Laranjeiras, com as margens bem cuidadas e cercadas por manilhas, onde nadavam patos, patas e patinhos. Nas proximidades situavam-se a Cooperativa dos Produtores de Leite (CCPL) e ponte onde muita gente parava para pescar lambaris, traíras e bagres. Segundo irmão do autor, ali moraram, posteriormente, os Drs. Rafael e Darcy, além do Sr. Caminha, dono de uma transportadora.



Na década de 1940, José mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de acompanhar os filhos que se deslocaram para a Capital Federal à procura de estudo e ocupação, mas não perdeu totalmente os vínculos com a terra que o viu crescer profissionalmente, ali mantendo imóveis para locação até o seu falecimento em 13 de janeiro de 1964.







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