TEU CHEIRO
Sinto, sim.
Sinto saudade!
Saudade do tempo
em que tua voz me perturbava,
me fazia contente
e ao mesmo instante me arrazava
por ser eu tão dependente.
Se estavas a caminho e te atrasavas,
pouco tempo virava eternidade...
Teria acontecido um acidente?
Estarias morto ou ferido?
Ou no caminho terias desistido?
E cresciam as cismas e a saudade...
Ao encontro nos perdíamos
em sorrisos e beijos,
corpos sempre ardentes,
explodindo em desejos.
Eu mergulhava entre tuas pernas
e o cheiro seco de tua carne
me excitava e enlouquecia,
me transformando
na mais obscena das vadias.
A gente tremia, rolava,
suspirava, gemia.
E quanto mais queria
mais e mais adiava
o momento supremo,
querendo enlouquecer
no excesso de prazer.
Depois... deitados lado a lado,
corpo e alma saciados,
o cansaço, a exaustão,
os olhares safados,
o riso satisfeito,
o arfar do coração
agitado no peito.
E nos embriagávamos
na mistura afrodisíaca
do teu cheiro seco
escandalosamente misturado
ao meu cheiro molhado.
Hoje passados, perdidos, distantes,
morta toda esperança,
a saudade me invade,
no desejo de teu corpo inteiro.
E dói mais que a lembrança
esta louca vontade
de mergulhar entre tuas pernas
e inda uma vez sentir teu cheiro.
|