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Artigos-->EVITANDO UMA SURDEZ INDESEJADA -- 11/08/2010 - 09:51 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


"EVITANDO UMA SURDEZ INDESEJADA"

(Jeovah de Moura Nunes)



A rua onde moro é pequena. Tem apenas dois quarteirões, mas o movimento de veículos é intenso. Passam diariamente centenas de carros e motos, muitos deles com escapamento aberto, ou com ruídos estranhos nos motores. Caminhões pequenos, médios e grandes queimam óleo diesel e fazem um barulho estrondoso. Não há um minuto de descanso auricular. Os jovens abrem os escapamentos de motos e carros para justamente emitirem os terríveis pipocos dos pistões ao explodir o combustível. Esse barulho contínuo também ataca nossos nervos e chegamos mesmo a gritar palavrões que o condutor do veículo barulhento não consegue ouvir. Eles fazem isto somente por um motivo: querem aparecer. Querem dizer através dos pipocos da máquina que ele está montado numa moto ou dirigindo um carro que já devia estar nos lixões enferrujado há muito tempo.



Comparo minha rua com o Anhangabaú de hoje. Lá, posso garantir, não passam carros nem motos com escapamentos abertos. O motivo é simples: a multa come solta e faz muito bem aos ouvidos. Embora o trânsito seja um dos maiores do mundo naquela área, ninguém ouve ruídos estranhos e explosões que assustam. Tudo é silêncio. Acho que dá até para dormir embaixo do viaduto. A verdade é que corremos o risco de uma surdez indesejada em Jaú.



Minha rua está em cacarecos. Já disse anos atrás neste espaço que foi abandonada pelas duas últimas administrações. Estes ambos burgomestres agem como irmãos gêmeos: só cuidam dos lugares onde vivem os “riquinhos de galochas”. Talvez para aparecer, politicamente falando, porque para os pobres, políticos e um monte de lixo são a mesma coisa. E os políticos já sabem que os pobres votam como autômatos, apenas para não pagar a multa que ainda não é os olhos da cara. Mas, vai acabar sendo. Nossos políticos fazem tudo para aumentar o número de eleitores na marra. Baixaram uma lei que permite às “criancinhas” a partir dos 16 anos votarem e os idosos até o setenta, mas com o avanço da longevidade atualmente é natural que uma nova lei aumente mais ainda a idade para, quem sabe, 90 anos. Eles querem eleitores às pencas porque sempre algum político desejado por eles, mas indesejado por nós, acaba ganhando eleição com as sobras de votos. E tais políticos fazem sempre o que não queremos que eles façam: nada, ou roubam adoidados e sequer vão presos.



Já escrevi sobre tais precauções quando disse há tempos que no Brasil a palavra “político” vai se transformar na palavra “ladrão”. Talvez seja por isto o crescimento assustador da criminalidade. Afinal os exemplos vêm de cima.



Muita gente motorizada morre em acidentes de carros, em rodovias, nas cidades, em toda parte, principalmente pelo fato de dirigir sem adequada atenção, ou embriagadas pelo uso do álcool. Diante de quadros dantescos de acidentes nas estradas fico numa encruzilhada. Minha primeira habilitação foi em 31/05/1967. A ultima habilitação: 25/08/2005. Portanto, sou habilitado há 43 anos, dirigindo diariamente em trânsitos pesados em Sampa e os trânsitos sonolentos aqui no interior. Nos últimos dois anos interrompi aos poucos minha função de motorista. Principalmente depois que vendi meu querido fusquinha na intenção de editar dois livros meus. Minha CNH era letra “D”, mas na renovação em 2005 foi para a letra “C”. Durante toda a minha vida de motorista nunca bati os carros que tive. Aliás, bati uma vez um TL azul, há muito tempo, lá em São Caetano. Chegava de Jaú e fiz a manobra para entrar na garagem da casa onde morava. Principiava a chover e minha mulher saiu do carro para abrir o portão. Depois disso saiu correndo para entrar na casa que ficava mais embaixo. O portão fechou com o vento justo na porta do lado direito. Tentei abrir aquele lado do portão justamente pela porta do passageiro. Meu pé escorregou do breque e o carro desceu no barro e fui bater numa parede de um quarto de despejos lá embaixo, caindo o telhado sobre o carro. Foi um acidente dentro do quintal em que eu morava, ou seja: um acidente caseiro. Nada sofri. Nem o carro. Só o quartinho.



Contudo, o que a gente fica sabendo de mortes terríveis por aí em acidentes deixa-nos preocupados. Tanto que estou pensando em desistir de ser motorista. Cansei de dirigir. Viajei por este Brasil quase todo. De dia, de madrugada, a noite toda. Almoçava e jantava nas estradas. Dormia dentro do carro. Cansa muito dirigir. A CNH deveria ser gratuita já que é fornecida pelo Estado. Pagamos tantos impostos e ainda temos de pagar pelo que somos: motorista. Então, neste caso, o melhor é desistir de ser motorista. Pelo menos vai diminuir o risco de morrer nas estradas, vitimado por péssimos motoristas, ou principalmente pelos motoristas criminosos, porque quem bebe álcool e depois sai dirigindo não passa de um criminoso. Outros criminosos são estes motoristas donos de carros com escapamento aberto. Quase todos os dias coloco algodões nos meus ouvidos para suportar o barulho quando em Sampa o silêncio é lei. Tudo para evitar uma surdez indesejada.



Jeovah de Moura Nunes é escritor e jornalista, autor de “Pleorama” entre outros livros.



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