Despertar (a verdadeira realidade)
Eu não agüento mais, eu tenho medo.;
Eu tenho medo, muito medo.;
Eu não sei mais para onde ir, para onde olhar.;
Eu não sei o que fazer, o que pensar.;
Eu não sei o que desejar, eu não sei mais o que querer.;
Tudo está nublado, eu não vejo mais nada.;
Eu perdi meus sentidos, meu raciocínio.;
Minha força, minha esperança.;
Minha raiva, meu orgulho.;
Eu perdi tudo, inclusive meu caminho.;
Eu estou perdido no meio do nada.;
Tudo é desolação, tudo está minguando.;
A sombra se fechou sobre minhas estradas.;
Durante todo o tempo eu segui por estradas erradas.;
E agora, tarde demais, eu percebo meu erro.;
Eu tenho medo, medo de tudo.;
Medo do nada, medo de seguir em frente.;
Medo de voltar atrás, medo de tentar.;
Medo de não tentar, medo de desistir.;
Medo de ter esperanças, medo de sofrer.;
Medo, medo, medo, angustia.;
Tristeza, caminhos errados, ai de mim.;
Ai de minha consciência, ai de meu coração.;
Eu já não sei mais o que eu sinto.;
Já não sei mais o que me atordoa.;
A chama do amor já consumiu minha alma.;
Eu me sinto vazio, corroído.;
Não tenho mais a quem recorrer.;
Não existe mais ajuda ou solução.;
Não existe recuperação.;
E o pior de tudo é que não existe fim.;
Meu corpo definha e minha alma já se esvaiu.;
Não há culpado, não há culpa.;
Não há causa, não há causador.;
Eu não espero mais salvação.;
Arrependo-me amargamente de ter cedido a essa ilusão.;
Não existe solidão, não existe conclusão.;
Nada existe alem de palavras sem sentido.;
Nada alem de um destino errôneo.;
Aonde a esperança apenas vem para levar.;
E amargurar, e entristecer, e destruir.;
Por mais que o mundo gire.;
Agora vejo que por baixo sempre estarei.;
Finalmente eu despertei.
Tristan Flyand
(24/10/02)
|