Muito boa sua iniciativa de publicar o artigo do jornal The New York Times sobre os atentados de 11 de setembro.
Confesso que minha maneira de ver a tragédia mudou muito depois da leitura do mesmo, a tal ponto que hoje não consigo mais ver aquelas imagens sem ver Staney sob sua mesa metálica, ou pessoas correndo por corredores escuros, ou pessoas chorando ao telefone em desespero, ou pessoas rezando antes de pularem...
A verdade é que antes da leitura de tais relatos, tudo parecia um filme destes que os americanos tanto gostam, ou gostavam de fazer, onde as pessoas morrem aos montes sem qualquer justificativa. A arrogância dos americanos ao não corrigirem os caminhos tortos de sua política internacional também contribuíram para uma certa frieza de minha perte em relação ao acontecimento, pois fica difícil me sensibilizar com um povo que mantem no poder um homem arrogante como o Bush.
Com a leitura do artigo porém, parece que finalmente me toquei que por detrás daquelas minúsculas janelas de vidro haviam pessoas inocentes que estavam alí para ganharem seu pão de cada dia. É certo que a grande maioria dos que alí trabalhavam ganhavam o pão justamente com operações financeiras que tiravam o pão da mesa dos pobres para transformarem-no em caviar nas mesas dos ricos, mas isso não é um pecado que os faziam merecedores de um castigo tão cruel. Na verdade, segundo as sagradas leis da globalização isso nem é chega a ser pecado. É a lei. A lei dos mais forte ou dos americanos sei lá.
Sendo assim, quem morreu naquelas torres eram "inocentes" e diferentemente do que o pai de um brasileiro que morreu no atentado disse dias atrás numa entrevista, eu não queria ter Bin Laden em minhas mãos por apenas quinze minutos, mas pelo resto da vida dele, para obriga-lo a ouvir em alto e bom som, vinte e quatro horas por dia, pelo resto de sua existência aquelas vozes gravadas nas secretárias eletrônicas.
Eu queria ver Bin Laden sendo torturado até a morte pela vozes daqueles americanos que ele matou. E aproveitando a sessão de tortura eu colocaria o Bush numa sala ao lado e o obrigaria a ouvir os gritos de todos aqueles que os americanos já mataram e matam com seus atentados militares e econômicos pelo mundo.
Seria ótimo para o mundo ficar livre desses dois crápulas que embora usando meios diversos (um fora da lei e outro atropelando-a) chegam ao mesmo objetivo que é matar inocentes.
É uma pena Eduardo que os habitantes da Palestina não possuam tanta tecnologia como os habitantes do WTC, pois se tivessem, certamente teríamos fitas similares ou até mais chocantes. E os que morrem na África de fome e doença por causa de intervenções desastrosas do governo americano em suas sociedades? E aqueles moradores de Hiroshima? E o Vietnã? E o Afeganistão? E os próprios índios americanos? E os latino-americanos? E os...
É meu amigo Eduardo! Seria tão bom se todas as vítimas desse mundo pudessem deixar suas vozes e imagens gravadas. Quantas desgraças seriam evitadas! Já pensou?
Será que as vozes do WTC existiriam se todas as vítimas dos americanos tivessem no passado deixado suas vozes gravadas? Será?
Pois eu acho que não! Na verdade, penso que nem mesmo o WTC existiria, pois não se justificaria numa sociedade mais justa e igualitária. Mas mesmo que ele existisse, duvido que existissem tantos Bins Ladens, pois estes são, quase sempre, crias dos lideres americanos que só se mantiveram no poder no decorrer dos tempos porque as vozes de suas vítmas pelo mundo afora não foram gravadas como as do WORD TRADE CENTER.
De uma coisa estou certo Eduardo! O mundo só vai melhorar no dia em que todas as vítimas dos americanos tiverem, a exemplo das vítimas do Bin Laden, o direito de serem ouvidas ou vistas.
Até que isso aconteça vai continuar sendo assim; os americanos vão continuar matando de fome e tiros 1000 ou mais para cada americano morto e no meio de tudo isso, com certeza haverá sempre uma empresa americana lucrando com essas mortes, sejam elas de americanos ou não, até porque são empresas globalizadas.
E a gente vai continuar discutindo isso aqui na Usina, porque é só o que podemos fazer.
