Vagabundo de carteira
Odiava trabalhar
Ia levando a vida
Sempre, sempre a esmolar
Passava-se por indigente
A iludir inocente
Com um papo de lascar
Um dia pedindo na rua
A uma velha mulher
Teve de resposta não
Mas não arredou do pé
Uma lição de moral
Era o tema principal
Você sabe como é
Ela falando bem alto
Canalha vá se ocupar
Era mesmo desatino
Ter que aquilo escutar
Esmolar é muito esforço
E se é furado o bolso
Há que ter de aguentar
Ela mandou o mendigo
Ir procurar um trabalho
Pra ele seria o fim
sem precisar de atalho
Desculpe minha senhora
Mas vá logo e sem demora
Para a casa de carvalho
Onde é que já se viu !
É excesso de cabelo?
Ou ignorância demais
Você é mesmo um pentelho
Eu nunca fui à escola
Estou pedindo esmola
E você vem com conselho
Em uma outra ocasião
Prosseguindo em sua lida
Quase que chega o fim
Dessa estória tão comprida
Foi esmolar numa casa
Lá bem perto da Ceasa
Onde quase perde a vida
Ele estava lá butando
Quando chegou o marido
Com uma pistola bem grande
E um tanto esbaforido
Ali em cima do leito
Levaria bem no peito
Um balaço não perdido
Mas, pra tudo tem saída
Pra tudo há solução
E bem logo respondeu
Está errado patrão
A coisa não é tão tensa
Não é o que o senhor pensa
Há uma outra explicação
Eu pedi a sua mulher
Quando em sua casa chegava
Só uma pequena ajuda
Ou uma coisa largada
Ela muito procurou
E me deu o que o senhor
Há muito, já não usava
Trabalhar é muito bom
E se ganha o que merece
A coisa fica marrom
Quando da mulher se esquece
Mesmo morando em palácio
Com deficiência de calcio
Ele cresce e aparece