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Poesias-->Fala do Rio Tietê ao paulistano -- 03/12/2002 - 17:28 (Francisco Libânio) |
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Fala do Rio Tietê ao paulistano
Meu senhor, meu caminho é tortuoso e cansativo
Tenho de correr para um encontro no interior
Com o Paraná que conta com a minha presença
Com minha água e o que mais puder ofertar
Mas ele não me reconhecerá com esta cor
E não terá como não me deixar entrar
Meu senhor, também tenho o direito de estar vivo!
De fazer viver em mim a vida e a natureza
Eu, que era límpido antes de sua nascença,
Fiz a tolice de emprestar minha água para usar
E você e todos os seus tiraram a minha beleza
Mataram meus entes antes de também me matar!
Meu senhor, quisera eu poder escolher outro rumo
E não ter que passar por sua cidade que me destruiu
Eu daria a volta pelo norte se fosse necessário,
Encontrava o Grande e corria a ele paralelo
Até subiria as escarpas (tão difícil para um rio)
Mas pelo menos me manteria limpo e belo
Meu senhor, por enquanto tenho o aprumo
De ser rio limpo no Noroeste por onde passo
Como eu era aqui antes do progresso corsário
Me fazer de depósito de tudo o que não presta
E ter me destruído e ter roubado o meu espaço
De expandir nas chuvas. Lamentar é o que me resta!
Meu senhor, peço desculpas se alago sua casa
Ou estrago seu automóvel que corre na marginal
Que leva o meu nome numa triste homenagem
Mas assim é que fui criado e nunca eu irei mudar
Quando se trata de um rio essa atitude é natural
Pois o que roubam da natureza ela um dia vai buscar
Francisco Libânio
03/12/02
11:15 AM
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