Clic"ali ==>>>> A tese da Perversidade
"Sufrágio universal"
era grande palavrão,
"democracia", igual
ao velho bicho-papão.
Se as classes respeitáveis
não se unissem de fato,
efeitos irrecuperáveis
adviriam, como mato,
da "fatal" democracia,
que poderia chegar.
E somente chegaria
pra nobreza acabar.
Rei e lordes sumiriam,
e os marcos divisórios,
também, já sucumbiriam,
varridos pelos simplórios.
Carta Magna cultuada,
equilíbrio badalavam
os nobres e fidalgos,
voto "democratizavam".
Desequilíbrio seria
ampliar eleitorado,
a Carta não poderia
ter seu perfil questionado.
Quase sobrenatural,
não podia ser mexida,
pois liberdade igual
não havia mais na vida.
"Sensatos temos que ser,
quão felizes temos sido,
devemos agradecer
por tudo que temos tido:
genuína liberdade,
temos o fogo dos céus!
Nossa Carta é Verdade
desnudada dos seus véus.
Mais magnificá-La ,
torná-La mais radiante,
pode até maculá-La,
é um risco ir adiante."
As dez libras esterlinas
limitavam os votantes,
além das demais doutrinas
que se tornaram marcantes.
Mas, trinta e cinco anos
depois, abriu-se uma porteira:
os níveis mais medianos
foram postos na esteira.
Quem morava na cidade,
pelo menos, por um ano,
macho, com atividade,
entrou por cima do pano.
Se fosse um inquilino,
ou morasse num distrito,
renda era pente-fino,
deixando voto restrito.
Antes da aprovação,
disseram que o projeto
era um"aberração,
um propósito abjeto,
até antidemocrático
e um salto no escuro,
um salto tão automático
punha país em apuro.
Propostas novas vieram
pra sufrágio ampliar,
oponentes nunca deram
a menor colher de chá.
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