I
Os tentos que não fez a seleção
Deixaram todo o povo prevenido.
Da mesma forma, o bem não espargido
Devia prevenir a salvação.
Enquanto a bola corre, eu duvido
Que os males mais agravem a nação.;
Porém, quando termina o jogo, vão
Tornar a apoquentar o seu ouvido.
São muitos os países que disputam,
Conquanto só um chegue vencedor.;
Mas todos suam sangue enquanto lutam.
Quisera ter a mesma força ao pôr
Os versos, pelos quais os bons labutam,
De modo a despertar só puro amor.
II
Rojões vão espoucar por toda a parte,
Se a turma cá da terra, campeã,
Souber bem respeitar, com alma sã,
Aqueles com que a vida se reparte.
Ganhar sem desfrutar é obra vã,
Porém, há quem pretenda esse descarte,
Pensando que, com “gols”, alguém se farte,
Que o Sol nasce também toda manhã.
Qual é a conseqüência da vitória?
Que haja quem acabe perdedor.
E onde está do povo a maior glória?
Em dar a toda a gente o seu amor,
Dispondo outro roteiro para a história,
Tornando cada qual um vencedor.
III
Seguimos pelas trilhas já formadas,
Que é fácil de pôr versos nestes pés.
O duro é enxergar os outros dez,
Após ter estas rimas declaradas.
Assim, vamos sofrer triste revés,
Se as forças são por nós malbaratadas,
Que apenas as estrofes terminadas
Demonstram os esforços dos galés.
O tema é que importante para o verso:
Não basta demonstrar que tem talento.
É como, na riqueza, estar imerso,
Sem desfrutar um único momento,
Por ter o coração muito perverso.
Que sirva de lição este “memento”.
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