Vigília
A mais longa noite
do meu mais longo dia...
Um turbilhão de movimentos
a minha mente produzia.
E eu, calada...
sentia em meu corpo
o que em minha mente, sentia.
Foram tão poucas horas
menos, muito menos do que um dia.
Milhares de quilômetros.
milhões de metros
agora me separavam
do que a vida, a mim, unia
Foi um dia de silêncio
Agora era uma noite silenciosa...
Um novo Universo nascia.
Quisera despertar
mas, sequer ainda dormira...
Tudo se movia...
Meus braços
não conseguiam dar
os abraços que eu queria.
Tudo se movia...
Meus olhos
Não conseguiam ver
os sorrisos que eu queria.
Tudo se movia...
meus sentidos
o tato, o olfato, o paladar
nenhum sentido fazia.
Tudo se movia...
Mas...
no céu, no ar e no mar
Algo mais havia.
Havia um irmão que tudo via!
Via,
sentia e escrevia....
Sentia minhas lágrimas
e, comigo, as vertia.
Via a expansão
e com um lume
piscava e sorria...
Desarme... Desarme!
Era o sinal que eu via.
Tinha que me lembrar
do que ele dizia.
Estava no limite
de meus limites...
E, apesar da Dor
percebi que meu Infinito
dali adiante, não ia.
Pude respirar profundamente.
E, com o Conhecimento
que na bagagem trazia
percebi que naquele
derradeiro instante
meu corpo e minha mente...
Transcendia...
Não estava só.
Por lá e aqui...
Sempre,
alguém, comigo,
havia...
30/03/98 01:45 Para minha querida irmã.
Irmão!
Irmão, sempre,
que com poesia
me acaricia...
Irmão! Afinal,
era eu ou você
que transcendia?
Irmão: vejo ainda assim,
não sei se concretizo algo,
ou se algo se faz em mim.
Sou grata pelas lágrimas que provocou em mim!
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