O Brasil é um país que surgiu da miscigenação de várias raças, da mistura de várias culturas e da fusão de sonhos e esperanças.
O primeiro brasileiro foi aquele estrangeiro que, chegando aqui, se entregou de corpo de alma a essa terra, trazendo sua cultura e absorvendo a cultura nativa, misturando seus genes com os genes daqui, amando e lutando por esta terra, formando um novo povo, uma nova nação.
Nesse sentido, o Bacharel da Cananéia, fidalgo português deixado nas costas brasileiras quando do descobrimento do Brasil, representa, melhor do que qualquer outro, esse homem.
Condenado em Portugal por razões políticas, intrigas e inveja, conseguiu ser degregado e, com muita sorte, embarcou na viagem de Pedro Álvares Cabral que, achando a Ilha Brasillis, aqui o deixou no ano de 1500.
Seu único companheiro foi o jovem Acosta, gente do Porto, condenado por tráfico e bruxaria na viagem de Vasco da Gama às Índias. Juntos, aqui se estabeleceram, adaptando-se à vida, estabelecendo uma amizade com os nativos, inclusive casando-se com índias locais. Com o tempo, o Bacharel estabeleceu um império, com milhares de guerreiros indígenas, muitas esposas e centenas de escravos.
Em Cananéia, pequena ilha no sul do estado de São Paulo, formou seu império. Juntou e treinou um exército de milhares de índios, tornando-se senhor absoluto da região, que ia da Lagoa dos Patos até São Vicente. Construiu barcos à vela e iniciou um violento comércio de escravos indígenas, abastecendo de mão de obra as incipientes indústrias canavieiras nos recém criados vilarejos da costa do Brasil, tornando-se rico e poderoso.
Casando-se inicialmente com a filha do cacique local, veio mais tarde a casar-se também com a irmã de sua esposa, casando-se ainda mais quatro vezes, gerando, com as seis esposas, dezenas de filhos e centenas de netos.
Devido ao seu poderio, recebeu proposta de absolvição do crime, caso se aliasse a Portugal. Entretanto, o misterioso Bacharel recusou o perdão, títulos e terras em troca da liberdade, fato que o levou a enfrentar guerra contra Portugal, sagrando-se vencedor de várias batalhas, algumas tão violentas que ocasionaram a destruição de São Vicente.
Seu parceiro Acosta, braço forte e amigo inseparável, termina casando-se com uma de suas filhas e ajudando a moldar essa nova geração, verdadeiramente brasileira.
Sua história é baseada em fatos reais, descritos em detalhes imaginários, mas sem afastar-se da realidade, do possível, do provável. Morreu já velho, livre, independente e feliz. Jamais quis retornar à Europa.
A história desse homem somente agora foi resgatada e, se não podemos provar, podemos ao menos imaginar...
Este texto é o prólogo de um livro chamado BACHAREL DA CANANÉIA – O Primeiro Brasileiro. Escrito por dois escritores brasilienses que autodenominam-se Lelé, conta a história deste personagem desconhecido, misterioso, intrigante.
Quem interessar-se em saber mais sobre o Bacharel, contate-nos no e-mail lele-df@bol.com.br e mandaremos, gratuitamente, uma cópia do livro citado. |
