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Cordel-->Cordel da triarquia -- 31/05/2003 - 11:37 (Raul Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cordel da triarquia


Dedicatória:

Eu, na trilha, inda incipiente,
Da arte beliz do cordel,
Dedico a Sá de Miranda,
A quem tiro o chapéu,
Esta sextilha primeira
Forjada neste papel!

Para refletir:

Há uns ditados na praça
Que um cego é mau guia;
Pra guardião de galinheiro
Raposa não é bom vigia;
Mais arrasador que pinga,
É a ganância noite e dia!

Apesar dos bons ventos:

Nas terras do pindorama
Pululam, quais labaredas,
Arpejos de indignação
Com posturas vis e tredas!
Dos poderes tomba a súcia:
Plumas, Mão Santa e sedas...

Advertência:

A seguinte observação
Faço ao amigo leitor:
Os fatos aqui narrados
Ao corvo açulam temor!
Mas se os tem por certo o cético,
O avaro lhes dá penhor!

A propósito:

Assinalo aqui uma pista
Destes cantos as figuras:
Os mosqueteiros são quatro
Qual de Dumas escrituras...
Mas de comum é só, quando
o tema é sinecuras!

O tesoureiro:

O primeiro, das Gerais,
Doutorou-se no Madeira,
Tem um órgão estropiado
Por ser grande a bebedeira.
Inventou até uma factoring,
É gênio na roubalheira!

Nas muitas rodas de pinga,
Achou uma do Adamastor;
A afinidade foi tanta
Que o dote lhe herdou,
Razão de tanta riqueza
Hoje lhe dá em louvor!

É dito à boca miúda
Que a burra está lotada
De pecúnia e escrituras!
Terras, e grande manada,
E quotas de agrobusiness...
Ditas a ele creditadas!

Tanta sorte, todavia,
Não lhe arrefeceu a ambição:
Alheio à dor que espalhou,
Deixar a boa, queria não!
Os anéis lhe foram dados
em baixa compensação!

Finório, ele se acha imune
Das malhas do Promotor:
Firmando-se em mui laranjas,
De galo canta o autor
da astúcia ou da armação
que por este chão rolou!

O alquimista:

O segundo é solífugo,
Diplomado em viadutos;
Chegou aqui nada querendo,
Corcunda de olhos astutos,
Exibe um par de chavelho!
É hoje rei dos corruptos!

Do reinado a sujeira
Foi sob sua batuta feita;
Dali saíram os excedentes
Que abençoavam a seita;
De lama, fedia o chiqueiro,
Em cada lance ou receita!

Para afastar o perigo
De eventual constrangimento,
O velho mexia os pauzinhos,
Criava sapos, fazia ungüento;
Se filiara a uma sigla
Em busca de manto bento!

Coisa de ave, boi aqui voa:
Acredite caro leitor,
Com a burra cheia de plata,
o governo desejou!
É muita cara de pau
desse escroque senhor!

O plagiador:

O terceiro é ganjento,
Das bandas do longe sul,
De idéias mirabolantes,
Trocou garça por nambu:
Arroz, a soja e o milho,
Por mel, sapato e vodu!

Logo cedinho aprendeu
A idiossincrasia do rei,
Abanou-lhe a vaidade
Com a mestria de um frei
Intentando salvar almas
Das chamas ferais da Lei!

De pau-de-sebo o alcunharam
Por ser liso até demais!
Não se sabe se é de lama,
E nem de que foi capaz;
Existe mui incerteza,
De como ficou o rapaz...

O dissimulador:

Desse declino falar,
A Amado fica o labor:
Riqueza de personagem
É coisa pra escritor!
Porém uma breve pista
darei ao caro leitor:

Quando pra cá retornou,
Já veio com bula e ata:
Esquecer o coro de boi,
e apinhar muita plata!
Ao escopo quaisquer meios
foram os tons da sonata!

O desfecho e a indignação:

Desculpe-me, meu leitor,
De aqui cessar o cordel,
Não lhe dando mais detalhes
No alvor deste papel,
Que se negra é a estória,
Os atores estão no céu

Com seus retos auditores,
Posto que nesse país
A justiça — sim, senhor! —
Não dá férias pra Roriz,
Mas ao pau de galinheiro
Lhe dá cela sem sursis!

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