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Artigos-->NLM - A Abelha e o Bob Marley -- 29/01/2002 - 11:59 (Marcel Agarie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ABELHA E O BOB MARLEY



Ponto de partida: Estação Carrão

Destino: Estação República



Alguém já viu uma abelha em algum vagão no Metrô? Provavelmente você deve ter respondido que “não”. Mas, se você costumava pegar Metrô entre os anos de 1995 e 1996, entre as 11:30hs e 12hs e disse já ter visto uma abelha no Metrô, com certeza você viu o que aconteceu comigo no dia em tive a infelicidade de me confrontar com uma delas dentro de um vagão de Metrô.

O meu companheiro inseparável de Metrô naquela época, o português Flávio, foi a minha principal testemunha. Seguindo a tradicional rotina, desligamos as escadas rolantes da estação Carrão e depois batemos um papo descontraído na plataforma à espera da chegada do Metrô (alguns falam trem outros falam Metrô, mas é tudo a mesma coisa).

Como sempre respeitamos as medidas de segurança do Metrô, aguardamos o trem atrás da faixa amarela até a sua parada total. Em nossas costas estavam as nossas mochilas, com os materiais do colégio e uma pequena marmita (quase sempre era uns pães com mortadela que a minha mãe preparava para nós dois) que levávamos, afinal estagiário não tinha o direito a vale-refeição e essa era uma das formas que tínhamos para economizarmos o nosso pobre salário de R$ 120,00 mensais, por 4 horas diárias, durante 5 dias da semana.

Para variar, o trem sempre estava um pouco cheio, não chegava a ser uma lata de sardinha, mas já nos impossibilitava de sentar, por isso ficamos de pé, no corredor do trem, segurando os canos que ficam paralelos aos bancos de passageiros. Foi onde tudo começou.

Começamos a papear, quando o Flávio me alertou sobre uma abelha que havia pousado em meu peito. Olhei para ela, pobre e indefesa, e dei um tradicional peteleco* na coitadinha. Como eu estava de pé e a visão que eu tinha da abelha era de cima para baixo, o peteleco foi em direção ao chão, porém, havia me esquecido que entre o meu peito, a abelha e o chão, ainda havia o banco de passageiros.

Após o peteleco na abelha, continuei conversando com o Flávio, mas ele ao invés de conversar comigo, ficava tentando me avisar sobre alguma coisa, segurando claramente uma vontade de gargalhar e ao mesmo tempo demonstrando um pouco de medo. Ele ficava tentando apontar alguma coisa com os olhos, olhando para mim e depois para baixo, mas eu não conseguia entender o que queria me dizer. Foi quando me lembrei de novo daquela abelha. Olhei então para a direção que apontava os seus olhos, liguei as idéias que rondavam a minha cabeça e entendi o que aquele português com as bochechas avermelhadas e os olhos espantados queriam dizer. Eu havia arremessado a abelha em um negão com os cabelos no estilo ao do cantor Bob Marley, mal encarado e com um óculos escuro colocado propositadamente na ponta do nariz para poder ficar me encarando nos olhos, que tentava me intimidar por eu ter jogado a abelha em seu colo.

Fingi que não era comigo, mas não consegui me conter. Olhei para o Flávio e caímos em um ataque de gargalhadas. Foram tantas risadas seguidas que precisamos sair do vagão na estação Tatuapé para nos contermos.

Hoje eu fico pensando se o “negão”, estilo Bob Marley, resolvesse sair do vagão e nos encher de socos e pontapés. Seria um massacre da estação Tatuapé, pois o “cara” era grande e certamente faria de mim um pastel de Marcel e um bolinho de bacalhau de Flávio. Ainda bem que ele se limitou a ficar nos encarando pela janela, enquanto ríamos da plataforma. Por precaução, deixamos passar mais dois Metrôs para termos a certeza que não encontraríamos mais com o Bob Marley. Ahh...! E com a abelha também!



* peteleco: Agressão física que se dá com a ponta do dedo indicador, impulsionado através da força de atrito com o dedo polegar (dedão), fazendo com que o dedo indicador saia em alta velocidade de encontro a algum objeto ou inseto, lançando-os a uma determinada distância, de acordo com impulso empregado.





(Este texto faz parte do livro "NAS LINHAS DO METRÔ - MARCEL AGARIE)
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