Infeliz fui eu que um dia te quis.
Caso contrário não estaria aqui,
Não estaria “assim”.
Ao menos se soubesse o que poderia transcorrer,
nunca teria começado esta história.
A história que se fez pelo tempo,
que me fez por todo o tempo,
que te fez por algum tempo.
Alertada eu fui,
mas não quis entender.
Pensei que pudesse sobreviver por mais uma vez.
Ilusão a minha.
A mente era tudo o que eu tinha,
controle total, eu a possuía.
As emoções estavam sempre em harmonia.
Sincronismos já não mais existem.
Sinto que perdi parte do controle.
A parte que controla os sentimentos já não mais funciona.
Agora a parte simplesmente detona.
Detona o intransponível,
o adorado,
o amado por muitos poetas,
o venerado pelos cantores,
o abençoado e ilustre dos mais amantes.
É o desgraçado, o sem graça do coração,
que se antes só bombeava sangue,
hoje, em mim, bombeia lágrimas de solidão.
É esta falsa solidão que mata,
onde o perigo sempre está presente.
Aparece de repente deixando-me contente,
mas quando fica ausente,
a dor começa a fisgar o coração que já estava quase dormente.
Viver assim é um desafio.
Primeiro a falta,
resulta a solidão.
Então o perigo aproxima-se, (ai que dor no coração),
e com ele a emoção em forma de esperança.
Depois o perigo afasta-se.;
(“ele não tem culpa, sou eu quem a tenho, - esperança é a última que morre – Quem foi o infeliz mal amado que disse isto?”).;
Enfim, a falta,
depois a solidão,
daí a emoção,
esperança e frustração.
A falta,
a solidão,
a emoção,
a esperança e auto-mutilação.
A falta,
a solidão,
a emoção,
a esperança e vida de privação.
Agora já pode preparar o meu caixão,
mas antes tire o meu coração,
pois esta é a chance de vê-lo chorar sem precisar suplicar-lhe.
Assim como o faminto galga por uma mísera migalha de pão.
Enchi as minhas mãos.
Conquistei-o pelo poder da persuasão,
ô pobre coração...
19/10/02
|