E a vergonha que eu sentia some na hora! Desaparece!
E minha criança vai com as outras crianças a brincar
E brinca com elas e escuta quando elas brigam
E tenta com estas brigas sempre acabar
Minha criança não sabe ficar de mal de outra
Porque quando fica em cinco minutos o mal acaba
E lá está ela de novo no meio das crianças a gritar
A criança que há em mim quando vê a mulher que amo
Dá um sorriso enorme e, antes de mim, ela pede colo,
Um beijinho e um cafuné. Ela quer ser mimada!
E quando ela está com sono pede para ouvir história
E quando dorme ela vê na mulher que amo a metade
Outra que ela precisa para vir ao mundo aprender a viver
A criança que há em mim não é outra além de mim
Criança que o tempo, esse tio chato, obrigou a crescer,
A ser sério, a ser desconfiado e não acreditar em nada!
Que tirou os meus brinquedos favoritos e me deu papéis.
Que me proibiu de comer doces e obrigou a comer pior!
Que trocou minhas figurinhas de bafo por notas de dinheiro!
Mas se o tempo, esse senhor macambúzio e rabugento,
Me privou das coisas boas e divertidas de fazer
Não matou a criança que há em mim, que está escondidinha!
E só aparece quando vê outra criança chamando ela
Apenas com um olhar.
Francisco Libânio
20/11/02
8:00 PM
Essa poesia é dedicada a todas as crianças que vejo na rua, que não sabem quem eu sou, nem eu quem elas são.; às crianças que conheço e sobretudo aos meus "alunos" da quinta série em que estagiei durante um mês, tempo em que percebi que apesar de todos os obstáculos impostos pela vida, a minha criança ainda não morreu.