Era uma música dessas tristes, sabe dessas que tem alguém reclamando de alguma coisa, talvez sentindo saudades, talvez querendo dizer o quanto sente a falta dessa pessoa ou de algum lugar no passado, talvez um desabafo ou um desatino,mas o mais engraçado é que essa canção era cantada numa língua que eu não entendo uma palavra, num dialeto de um lugar tão distante quanto a lua parece estar para mim, era uma canção cantada por muitas pessoas, homens e mulheres de um arquipélago do pacifico chamado ilhas Marshall.
Onde eu ouvi essa canção?
Foi na tevê, mas não sei bem sobre o que era aquele programa, estava fazendo outras coisas, só deu tempo de saber o local de onde ela vem e o seu som que está ainda aqui ecoando nas paredes do meu pensamento.
Como pode uma canção que não sei sobre o que está falando ficar assim mexendo comigo? Já pensou se eles estão falando um monte de palavrões e me xingando?
Não, não pode ser, estou apenas brincando comigo mesmo, fazendo piada da minha ignorância, afinal quem manda não entender marshalês é nisso que dá.
Fico aqui imaginando o que poderia estar falando aquela canção tão bonita, todos cantando juntos, quem sabe não estariam falando sobre a vida ou sobre o amor, quem sabe não falariam sobre a família.
Para mim aquela canção falava sobre saudade não sei porque, senti um tom disso naquelas palavras que não entendo,naquelas vozes, elas soavam tão tristes, eles cantavam com muita emoção, talvez por isso tenha ficado aqui gravada na minha cabeça tal música.
É maravilhoso saber que o mundo tem uma linguagem universal e não é o inglês, é uma linguagem que eu já ouvi falar ou já vi com meus próprios olhos, quando visitamos lugares onde não sabemos a língua local e por sinais ou por olhares acabamos nos fazendo entender, casais que não falam a mesma língua e acabam se apaixonando e nem precisam mesmo falar, a língua dos homens não é a mesma língua do amor.
Aquela canção falava de saudade sim, falava sobre algo muito triste que aconteceu aquele povo, vou descobrir, aquela canção era muito bonita, mais bela que muitas que entendo, que falam a minha língua, mas não me dizem nada, essa que eu não sei o que me dizia me disse muito mais sobre o mundo.
Assim dizia aquela canção que talvez eu nunca mais ouça, mas que me vez ver o que os olhos não vêem mas o coração sente.
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