Usina de Letras
Usina de Letras
147 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62265 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50654)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Também guardei a minha viola -- 07/07/2002 - 08:58 (Silvio de Oliveira Toco Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Desconsiderei as opiniões. O que vale realmente é o gosto pessoal e não o que te querem obrigar a fazer, comprar, vestir, usar ou ouvir. Particularmente, quero falar a respeito de ouvir para que em outra ocasião possa falar a respeito de gostos e desgostos. Cresci ouvindo todo tipo de música. Era o final dos anos cinquenta e eu encontrara em casa alguns discos de vinil. As medidas eram diferentes assim como as rotações. Uns com setenta e oito rotações e os grandes de quarenta e cinco e outros com trinta e três rotações. Bem depois surgiram as fitas cassete e atualmente os tais disquinhos com leitura a laser, conhecidos como CD s.
Naquela época eu já entendia que o acervo lá em casa era dividido em duas categorias: os discos que pertenciam ao meu pai e os que pertenciam a minha mãe. Formavam os primeiros, algumas óperas, os boleros, as músicas italianas e coisas desse gênero. Já nos de minha mãe predominavam o samba, o samba-canção, a rumba, o tango, chá-chá-chá e outros.
Por algum tempo usei aquele repertório, retirando dali, parte do meu conhecimento musical. Era, com certeza, uma boa forma de aprendizado. Mas os anos passavam e então atentei ao rádio e a televisão. Existiam bons programas musicais. Na mais remota lembrança tendo como referência a tv consigo lembrar de "Tia Amélia, suas histórias e seu piano" ou uma bandinha com Altamiro Carrilho. Mas o tempo não pára. Surgem então os primeiros festivais e assim prossigo atento até completar quatorze anos, quando passei a comprar os meus primeiros discos e quando também selecionei alguns amigos com afinidade musical. Comparecíamos a concertos para a juventude onde Orlando um amigo meu, me iniciava na música erudita. E para completar, ganhei do meu pai um violão. Nessa época além das rodinhas de amigos e violões, em alguns domingos na parte da manhã eu ouvia mais um pouco de música com algumas pessoas que frequentavam um bar em um bairro aqui no Rio de Janeiro, mas necessariamente no Jardim América. Eles tocavam o gênero conhecido como seresta. Eram pessoas bem mais velhas que eu e usavam aquele espaço como ponto de encontro onde eu, por força da curiosidade, me tornara freguês assíduo. E somado a isso os Beatles, o movimento musical jovem aqui no Brasil conhecido como "ie-ie-ie", a jovem guarda, o samba, Elis Regina, Jair Rodrigues, Gal, Caetano e Gil, Chico, e é claro a bossa nova eu iria reclamar de que?
Hoje, a variedade musical é simplesmente estupenda. De outros países, recebemos uma infinidade de valores, são excelentes músicas, excelentes músicos, maestros e intérpretes, bandas e etc. A influência é inevitável. Mas, também exportamos! Também temos os nossos valores, e com bastante evidência no mercado exterior. Afinal, nossa música possui também uma enorme variação rítmica. Nossos nomes famosos têm um que de clássicos. São nomes de peso como Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Elba Ramalho, Sivuca, Hermeto Pascoal, Cauby, Toquinho, João Bosco, Emílio Santiago, Adriana Calcanhoto, Marisa Montes, Leila Pinheiro, Joyce e tanta gente que não dá para colocar no papel.
Constantemente, surgem novos valores, grupos, bandas e ritmos, sendo que, ultimamente, predominam as duplas sertanejas e os chamados grupos de pagodes.
Infelizmente, também tentam infiltrar em nossos valores algumas variações e ritmos musicais de péssima qualidade, acompanhadas de letras que não dizem ou levam a nada. Apenas eu não podia deixar de registrar que isso acontece.
Mas, voltando ao que realmente interessa, em diversas fases de minha vida estive bem próximo ao meio musical. Com amigos, fiz parte de alguns grupos, aconteceram apresentações musicais e festivais, mas não era aquele o tipo de música que eu gostava de ouvir e tocar e cantar e aplaudir e curtir e sonhar. Em verdade o movimento chamado Bossa Nova é o que até hoje consegue mexer com algo em meu interior. Foi um movimento, para mim sem igual.
E assim, cansado de escutar que eu deveria tocar e cantar isso, aquilo ou ainda aquilo outro, achei por bem ignorar os repetitivos comentários do tipo:
- Pó! cara você tem que tocar pagode!
- Esse repertório é antigo.
- Tem aquela sertaneja assim...
- Você sabe tocar aquela....?
- Tem uns sons maneiros agora!
- Entende de metálica?
- Você gosta de funk? E rock pesado?
Bem, achei melhor eu ficar no meu cantinho onde escuto realmente o que gosto. Não que eu não aprecie as atualidades, pelo contrário, de vez em quando surge algo bom, algo que não fere nossos ouvidos, algo que possui um conteúdo e que consegue tocar nosso "eu". E ainda me divirto quando uma música antiga é regravada e as pessoas que não a conhecem, principalmente os mais jovens, dirigindo-se uns aos outros tecendo elogios e comentário sobre a música em questão.
Até que, finalmente, para ficar protegido contra a adversidade de opiniões e em paz com o meu "eu". Resolvi imitar o Paulinho da Viola: Também coloquei minha viola no fundo do baú. "Guardei meu violão, não toco mais".
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui