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Contos-->Miniconto Surrealista -- 06/09/2002 - 22:31 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Miniconto Surrealista
(por Domingos Oliveira Medeiros)


Era um sujeito de aparência frágil. Falava pouco. E não era convincente. Tímido por natureza. Pelo menos era essa a impressão que passava. Tinha o olhar triste e desinteressado. Falava baixo, quase sussurrando. Mas não dizia coisa com coisa. Mas conseguiu, com muita garra, arranjar um emprego. Tinha qualquer coisa de bom comunicador. Sabia fazer uso da manipulação. Sabia prometer. Tudo que dizia, de algum modo, mesmo que pouco, era bom de se ouvir. Mesmo que não fosse possível acreditar. Era uma pessoa honesta. Até que se provasse em contrário. Mas quem haveria de cometer tal desatino?

Trabalhava no circo. Com animais selvagens e domesticados. Já tinha sido mágico. Bailarino. Trapezista. Foi muitas vezes palhaço. E ria de todo mundo. Ultimamente era domador de animais selvagens. Tigres, ursos e leões. De todos os cantos da terra. Mas não pagava impostos. Não tinha carteira de trabalho. Muito menos assinada. Mas não era um sonegador profissional. Era só profissional. Seu negócio era criar uma espécie de confiança. Uma dependência na base do estímulo-desestímulo. Se você fizesse o que ele queria, ele estava do seu lado e lhe dava prêmios. Caso contrário, chicotadas. E tirava os prêmios que lhe tinham dado. Não ligava para o direito adquirido.

Ganhava alguns salários mínimos. Isso, pelo menos, era o que se supunha. Ganhava por fora alguns trocados. Isso era o que se falava. Ninguém sabia ao certo. Andava maltrapilho. Do jeito do povo. Nem sempre bem acompanhado. Gostava de más companhias. Não tinha colarinho branco. Não era mendigo. Mas de quatro em quatro anos pedia votos. Votos de confiança.

E os animais lhe prestavam cega obediência. Apesar das aparências. Apesar do seu salário. Diziam, e até hoje é assim, que em terra de cego quem tem um olho é rei. E ele tinha os dois olhos. Tristes e bem abertos. Os bichos é que pareciam cegos. E o circo era muito alegre, pois tinha muitos palhaços. Que mesmo tendo grandes sofrimentos, tinham que trabalhar. Tinham que sorrir.

Domingos Oliveira Medeiros
06 de setembro de 2002
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