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Artigos-->MULHER -- 08/03/2010 - 17:45 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Confesso que jamais gostei daqueles artigos, discursos ou posts que tratam a mulher no imaginário da perfeição, na fantasia da candura extrema ou na dogmatização da magna mater. Não, definitivamente não gosto disto! Prefiro até as rebeldias hilstianas (Se te pareço noturna e imperfeita, olha-me de novo...) ou as ousadias de Diniz, com seu corpo a mostrar-se ao Sol dos homens de março. Gosto de perceber as mulheres como elas são: reais, carne e espírito de gente, parte inequívoca desta confusa divindade chamada Criação, permeio de virtude e vício, bondade e maldade, paz e conflito, obra encarnada de um Deus audaz e femininamente incompreensível.

Eu tenho uma boa amiga. Tenho uma boa amiga que é linda, é uma escritora linda. Escreve com o coração em chamas. Eu mal a vejo. Uma ou duas vezes por ano, quanto muito! Mas adoro ler suas travessuras. Em seu livro “Pulsão Irrefreável”, Ana Waleska diz: “Viver é real. A vida é movimento, sentimento e a arte reflete isso. O encontro, portanto, é real, porque é sentido”.

É assim que quero ver o mundo. Nele, na nova história do mundo, transitam mulheres que são mães, mulheres que desafiam os mercados, que pilotam os aviões, que consertam carros quebrados, que amamentam, que correm, que choram, que apascentam corações. Mulheres que pagam impostos, que cobram impostos, que não fazem mais apenas o que lhes é verticalmente imposto. Mulheres que dirigem, que pintam os cabelos de louro ou de vermelho, e que riem quando a cerveja lhes desce gelada nas bocas bem pintadas de amor e mel, diante do inseparável espelho.

Não quero Amélias, conformadas, tristonhas, psicóticas. Nem as malvadas da idade média com suas fórmulas de fazer corar o mais nobre alquimista. Se há veneno, que seja com o perfume da sensualidade, com os maneios de madeixas, com o vai-e-vem de colares multicoloridos que dançam nus em seios de verniz.

Quero ver a nova celebração da vida, onde cada um de nós - homens, mulheres, crianças e velhos - nos percebamos como frutos da mesma árvore sagrada: filhos da Terra, da Grande Mãe, da Mulher Imperial de nossas cinzas e, a partir daí, que cada um de nós perca, definitivamente, a necessidade de fazer distinções de raças, de religiões, de sexo, de condição social ou de qualquer outra equação mal solucionada, produto do preconceito irascível dessa nossa falsa inteligência.

Sei que hoje é o dia internacional da mulher. Data criada pelo calor da artificialidade histórica que levou outras mulheres ao sacrifício supremo. Ontem, foi preciso morrer para afirmar a igualdade. Hoje é preciso viver. Viver não apenas como mulher, mas viver como pessoa, como partícipe dessa longa caminhada da raça humana sobre a Terra. Viver com a respiração aberta aos ares das novas exigências do mundo. Respirar os ventos da ética de compartilhamento. Compartilhar as dores dos rios poluídos, os gritos das árvores derrubadas, as tosses do ar rarefeito pela poluição. Mastigar a fome dos miseráveis. Indignar-se com a volúpia assassina dos políticos-abutres. Viver com efervescência. Viver com dignidade. Viver como mulher: aquela que, sendo pó e revertério, não se contenta com isto, e, das suas entranhas finitas, celebra o mistério da mais verdadeira ressurreição: a maternidade!

Brindem mulheres. Hoje, como sempre, nós a celebramos!

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