Digo, acredito — creio e penso eu — não me engano:
Não é louca paixão isto que me comprime,
Nem saudade infinita a dor que me deprime,
É a simples angústia do vão ser humano
Teço essa minha história em branco e puro pano.
Como quero viver! Isto que não é crime!
A tinta do destino — prudente — se imprime
Nas páginas avulsas do cotidiano
É no rápido andar dos dias que tropeço,
No enigma das palavras que me acho, me faço,
Num êxtase da busca desato-me em verso
As decepções e amores provocam-me o traço —
Nessa espiral contínua, sei que nunca cesso
Em prosseguir no próximo trôpego passo.
(Agosto de 2002) |