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Artigos-->INFÂNCIA DO CORAÇÃO -- 04/03/2010 - 20:07 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
INFÂNCIA DO CORAÇÃO



Francisco Miguel de Moura*



Um tema recorrente entre os escritores é a infância. Provavelmente não há uma literatura infantil nem infanto-juvenil. Neste sentido, o que há são aproximações que os literatos tentam fazer de vários modos. O escritor e amigo de muitos anos, Francisco Sobreira, agora me manda “Infância do Coração”, obra que denomina de romance. E é, se considerarmos a camisa de força que meteram no homem comum, no mundo capitalista, egoísta, globalizado em que vivemos. Por isto, na distância em que o adulto se encontra, torna-se difícil o caminho de volta a um mundo mais humano. No entanto, dentro da perspectiva plástica encontrada por Sobreira, desde o seu primeiro livro, é possível descobrir clareiras por onde rememorar e recriar personagens e emoção dos momentos culminantes da convivência, com firmeza e satisfação. “Infância do Coração”, não chegaria a ser um romance. É o que nós, brasileiros, chamamos de novela, tanto pelo tamanho como pelo desenrolar do pequeno enredo. Daquelas pessoas ou personagens, menciono Stela, a irmã querida que lhe ouvia todos os pedidos. O principal foi conseguir do pai uma viagem a Fortaleza, a coisa mais importante de ver e sentir naqueles idos de menino. Sair de uma cidadezinha do interior para Fortaleza, onde iria estudar, foi o maior alegria. Embora lá tenha encontrado muitos tropeços, morado com alguns parentes, amigos e até em pensões. No último caso, conviveu com pessoas terrivelmente chatas e perigosas quanto um “companheiro” de quarto da “Pensão Belo Horizonte”, bêbedo e valentão, que o incomodava. Outros episódios desagradáveis são contados com vocabulário bem realista, simples, claro, sem rodeios, mantendo, no entanto, uma linguagem bastante escorreita, sem descurar da coloquialidade. Casos desinteressantes na vida e interessantes na literatura, acontecidos com um rapazinho estudante do curso médio, naturalmente tímido, quer pela idade, quer pelo temperamento. Agradável é quando o Autor fala nas pretensas namoradas e moças com quem conseguia manter aqueles papos de adolescentes, chegando às vezes a convidar uma outra para namoro mais sério. Perpassando por nomes como Simone, a primeira (“ a sobrinha de minha tia”, o livro é escrito na primeira pessoa); Rute, de quem andou recebendo uns bilhetinhos; Helena, um caso curioso de namorada – ou quase – através da leitura das páginas do romance “Helena”, de Machado de Assis, na biblioteca pública, mais curioso porque nunca se encontraram efetivamente, embora chegassem a marcar encontro no cinema, por meio de recados escritos e deixados entre as páginas que liam; da forma como foi desenvolvida a trama, dá até um pouco de emoção; e teve também a bilheteira do cinema; e teve mais outras com quem o leitor vai encontrar-se de modo prazeroso. E houve Tânia e houve Marlene, cada uma do seu jeito especial e em momentos distintos. Mas a emoção maior está no final do livro. Transcrevo-o um pouco, não para transmitir a mesma impressão que tive; apenas para mostrar a forma de escrever, digna, segura, criativa e moderna que me fez lembrar sua conterrânea Raquel de Queirós: “E me dei conta de que dez anos tinham se passado, desde que visitara Fortaleza pela primeira vez. Me revi na criança de olhar arregalado para as coisas que ia descobrindo na cidade. “Quatro anos depois, ao ir estudar em Fortaleza, essas coisas haviam perdido a graça da descoberta, mas a cidade continuava a me cativar, já então por intermédio de pessoas que fizeram parte da minha vida durante os seis anos que ali permaneci.” Em seguida, olhando a aeromoça, durante a viagem de ida para assumir seu emprego no Banco do Brasil, em lugar bem distante, o personagem-autor cria: “Súbito, ouvi uma voz de mulher dirigir-se a mim. Virei-me, era a louríssima aeromoça me oferecendo chocolate. Observei-a se afastar, até desaparecer por trás da cortina. (...) E imaginei o seguinte: que aquela fosse uma cortina de teatro, que, ao ser levantada, fizesse aparecer à minha frente aquelas pessoas enfileiradas e de mãos dadas; como se elas tivessem terminado de atuar numa peça e ali se postassem para receber os aplausos da platéia (isto é, de mim): (...) tio Alberto, Raimundinho, Pedro, Ubiratan e Roberto; e as mulheres: Simone, Marlene, Rute, Amália, Helena (ou Susana) e até a orgulhosa Charlene.” Aqui deixamos ao leitor a curiosidade de uma leitura completa da obra, que é realmente gratificante.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora no Piauí. Membro da APL (Academia Piauiense de Letras), Teresina, e da IWA(International Writers and Artists Association), com sede em Toledo, Ohio, Estados Unidos.







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