QUE TAL BEM ASSIM RENEGO !... De "beMal" se faz luz A incoerência evidente Lesma agreste que se sente Roçar à flor da pele Nos olhos há poucochinho Inspirou-me este cordel Que verto em semi-fel Aos arautos do mesquinho. Que adianta ao daninho Humilhar sob escarninho O motejo superior Se este vê de antemão Que não existe primor Na palavra e sem labor É sempre o mesmo refrão? Os filhos da confusão Em plena escuridão Mas de luz persuadidos Porque algo os seduz Ao preconceito rendidos Ceguinhos entorpecidos Sequer distinguem a luz. Não sabem quem lhes reduz O alívio à férrea cruz Que a vida pôs em seus ombros E até condenam o sonho Àqueles que entre escombros Se libertam dos assombros Deste mundo tão medonho. Se em revolta me ponho E de ronha também ronho Apenas só experimento Como age e reage O verrinoso fermento Que faz crescer bafiento O produto do ultrage. Dá-se-me à alma Bocage E tomo-lhe estilo e traje Para vestir a palavra Que esgrimo como achão Ou então deixo que abra Em firme coice de cabra Sobre os brios do cabrão. Por enorme chorrilhão De cabresto manhozão Tomei eu dozes inteiras E também sei manhozar Em catadupas bem cheias Abundantes diarreias Até a náusea acabar. "Bocamões" é salutar São dois vates no altar A reger a dimensão Onde Aleixou penetrou A fera da humilhação E Pessoa em coração D excelso purificou. Só quem nunca perpassou Ou na pele experimentou De outrem a estultícia Desconhece quanto dói Sofrer gáudio e delícia Do punhal da malícia Que por prazer nos destrói. A pedra da vida mói Mas quem entre si remói O grão que nos dá o pão Somos nós simples grãozinhos Entre "beMal" confusão E assim se queira ou não Há farinha nos moínhos. Setenta e sete versinhos Em cordel corridinhos Aqui deixo a iluminar O pendor do bem que é cego Para sem mais afirmar Nem que tenha de cegar Que tal bem assim renego! Torre da Guia |