TORTURA DO PRAZER
O estranho jeito que tinhas
de judiar de mim.
Chegavas
da rua, do trabalho,
e me olhavas assim...
assim mesmo... tu sabes,
olhares de desejo
percorrendo meu corpo,
antes mesmo
do costumeiro beijo.
E te aninhavas de mansinho,
carinhos sem malícia,
toque leve no seio
que espalhava a carícia.
E de repente te afastavas
acendendo um cigarro.
De longe me fitavas,
adivinhando
cada pedacinho do meu corpo
se comprometendo
e te desejando.
E de novo voltavas
repetindo o ritual
que te dava o poder
de me enlouquecer.
E mais me provocavas
até me ouvir gemer.
Só então me envolvias
com força, loucamente,
com não sei quantas bocas
nem quantas mãos,
pernas em profusão,
por um tempo infinito,
nessa tortura de prazer
que só terminaria com meu grito!
06/02/2002
|