Um pardal aventureiro
Foi fazer grande viagem
Pra vê novo horizonte
Voou com sua coragem
Pruma terra muito longe
Foi para terra de monge
Onde o gelo é a paisagem.
Congelou sua engrenagem
A sua asa ficou dura
Caiu tremendo na terra
Quase morta à criatura
Parecia um picolé
Da cabeça até no pé
Sorvete de neve pura.
Um yaque trousse quentura
Cagou em cima do pardal
Aquela bosta tão quente
Mudou o destino final
Salvando à ave migrante
Deu um calor importante
No seu sentido vital.
E se sentindo imortal
Começou logo a cantar,
Mas ainda tava na merda
Não era o melhor lugar
Parecendo bem feliz
Na merda feito um petiz
Não viu a raposa chegar.
Da merda ela foi tirar
A ave que apareceu
Depois de limpar um pouco
Incontinente comeu
Mandou a ave pro bucho
Sem exigência nem luxo
Nem ligou se ali fedeu.
Dessa estória que se deu
Tiramos uma conclusão
Nem sempre quem caga em você
É seu carrasco ou patrão
Pode até ser um amigo
Dando-te algum abrigo
Com a melhor da intenção.
Quem tira da merda em vão
Nem sempre é pro teu bem
Pode até ser teu verdugo
Que para o mal ele vem
Querendo te devorar
Os teus sonhos vai roubar
Levando-te para o além.
Se tá na merda também
Não cante, fique calado!
Olhe pra quem vai tirar
Você da merda afogado
É melhor ficar na bosta
Atolado até na costa,
Pra nunca ser devorado.