É incrível como tem gente perto de mim fazendo cinquenta anos. Amanhã tem mais um e é dos mais chegados. Eu acho que devia comprar um presente, afinal se ele está fazendo jubileu de ouro, nossa amizade já passou do jubileu de prata.
Mas o que dar a quem completa cinquenta anos? Dada a importància do evento e do amigo, naturalmente não pode ser qualquer coisa. Pior. Há que compatibilizar o meu bolso escasso com alto merecimento do amigo, o que de imediato se nota ser inconsistente. A menos que se pule para o imponderável. Coisas que, de tão valiosas, não podem ser compradas. Um abraço destes bem apertados e esfregados como se usa hoje em dia. Poderia incluí-lo na minha lista de orações, mas ele já está lá. Uma crónica inédita sobre o mocotó que ele faz. Não, acho que crónica não vale. Votos (sinceros) de muitas felicidades, de alegria, saúde e prosperidade. Não, acho que não, isto se usa no final do ano. Será que ele não prefere um livro? Talvez um jogo de espetos. CD não vale. Talvez um vale presente indicando simplesmente que quando eu tiver recursos a altura do seu merecimento eu compro. Parece um pouco falso e, por outro lado, já tenho dívidas de todos os tipos, de modo que não preciso de mais essa. Não sei.
Acho que prefiro o abraço. Um abraço é de bom tamanho quando acompanhado de bons desejos. É, é bom, mas não poderá ser amanhã. Teria que ser um abraço virtual, destes que se mandam pela internet. Mandando assim, fica como se fosse um longo e apertado abraço em público. Na quinta eu converto o virtual em real e digo pessoalmente aqueles votos todos que desde já, seguem em pensamento. Por via das dúvidas, vou mandar a crónica também como fazem as velhinhas que acham pouco um par de meias e mandam junto uma cueca.
