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Infanto_Juvenil-->UM HOMEM, UMA VONTADE E UM CAMINHO -- 19/06/2002 - 00:42 (Edison Gasparim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM HOMEM, UMA VONTADE E UM CAMINHO

–"Não agüento mais comer deste alimento!" - disse uma vez o homem lá na pré-história.

Talvez não tenha sido assim, mas, pela natureza humana, tudo leva a crer que sim.

Bastavam alguns passos além de sua gruta e tudo estava ali, exuberante e farto; mas por quê, então, ele não queria mais? Será porque tudo que é demais enjoa?

Talvez fosse a tal da natureza humana que faz o homem não se contentar com o que já tem e o impele sempre a buscar o novo, a enfrentar o desconhecido, a superar enfim os seus próprios limites.

Mas o que ele queria, na verdade, era um outro alimento, pois ao alcance de sua vista, havia uma frondosa árvore com frutos diferentes; maiores ou menores não importa, eles estavam lá e ele os queria.

Então, o primeiro obstáculo. Aquilo que estava ao alcance dos olhos, não estava ao alcance das suas mãos, pois uma impenetrável selva se lhe oferecia como barreira.

Mas ele nem se deu conta quando, por entre espinhos, galhos e pedras, buscava alcançar aquela outra fonte de seu sustento e existência.

Foi árdua sua luta contra os elementos mas gratificante pois os frutos daquela árvore tinham um novo e delicioso sabor que lhe saciou mais prontamente. Ele comeu até não poder mais e sentou-se ao pé da árvore para descansar.

E dormiu, e sonhou... - Quem pode imaginar que sonhos teria o homem no início da sua existência?
E acordou, no escuro, longe da sua gruta, seu impenetrável refúgio!

Um pavor imenso tomou todo seu ser, porque a noite irmanou-se com a selva e o engoliram completamente, sem que ao menos pudesse lembrar de que lado ficava o seu lugar.

Nem mesmo os frutos que o atraíram agora lhe interessavam pois seu medo era maior que tudo.
Essa sensação quando se instala, torna a todos impotentes, sem raciocínio lógico.

Foi uma noite terrível, a pior de sua vida pois tudo ao seu redor se tornara assustador. Em meio àquela escuridão toda, tudo que ele ouvia, imaginava ser algo monstruoso, pronto para lhe devorar assim como ele fez com os frutos.

Quando a luz do sol trouxe um novo dia, aquele homem assustado nem titubeou e, de um arranque só, irrompeu por entre a mata rumo ao seu esconderijo. Mais uma vez se feriu e quando chegou, mesmo machucado, sorriu.

O coitado nunca imaginou passar por uma situação assim e por isso se entocou por todo um dia e mais uma noite. Quando uma nova manhã raiava, seu organismo se ressentia da falta de comida e ele logo se lembrou dos saborosos frutos daquela distante árvore.

Nesse momento a natureza humana mostrou a ele mais um impulso das suas capacidades, a teimosia.
"– Vou lá de novo, mas não vou dormir - disse ele no seu rústico dialeto.

Bem, é claro que sendo mais cedo, ele poderia ir e voltar logo e por isso arriscou. E assim fez muitas outras vezes sem perceber que uma mudança sutil começava a acontecer.

O caminho, outrora difícil, de tanto ele ir e vir, foi cedendo aos seus passos um pouco de cada vez. E, sem perceber como, o nosso personagem construía a sua primeira estrada que ligava sua casa ao seu alimento.

Mas foi num dia muito claro que outra vez seus olhos avistaram algo novo; era um bonito vale com rio e cachoeira, frutos e um novo lar, maior ou menor não faz mal... lá tinha um outro visual.

Nova luta se travava entre homem e natureza; ele movido por um incontrolável impulso e ela sempre lhe obstando a passagem com sua natural defesa.
Era uma vontade interior que ele não podia compreender mas que o mandava seguir adiante. Pela necessidade ou curiosidade, seu desejo parecia ser sempre o de conhecer algo novo e foi talvez pensando assim que ele aprendeu tantas coisas e nunca se deixou vencer.

Sua obstinação era tanta de chegar naquele lugar que muitas vezes, sem pensar, recorreu da improvisação. Até ponte o danado aprendeu a construir e pulava lá de cima na água pra se divertir.

Sim! Agora, já faz muito tempo que ele vive por lá e só de vez em quando volta ao lugar de onde partiu para comer alguns frutos e também manter arrumada a estrada que construiu.
Quase não se lembra da situação desesperada que ele um dia viveu, pois agora, quando se cansa, simplesmente se deita, dorme e sonha.


Edison Gasparim / 1999
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