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Cronicas-->Mocotó -- 05/06/2000 - 21:29 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mocotó é um prato regional que pode ser comparado à buchada de bode, ao sarapatel ou ao barreado. Deve haver outros. A própria feijoada não estaria muito longe, embora eu a colocasse em uma categoria mais suave, junto com a moqueca capixaba. Feijoada suave? Talvez a caldeirada também pudesse ser incluída nesta turma.

Entre estes pratos, há em comum o fato de serem substanciosos, como diz o sítio do Restaurante Madalozzo em Morretes, sobre o barreado. Traduzindo, são pratos que pesam no estómago, para dizer o mínimo. Em decorrência, efeitos variados sobre a fauna e flora intestinal e sobre o regime de ventos da cidade. Ainda em comum há o fato de que, originalmente, tinham ingredientes baratos o que explica a popularidade. No Rio Grande do Sul o mocotó é muito apreciado e jamais esqueço os mocotós preparados pela minha tia Santina. Eram fantásticos. Quem não tem uma mãe, avó ou tia com uma receita especial de um destes pratos não aproveitou tudo que a vida pode dar. Por outro lado deve estar mais magro e ter o colesterol mais controlado. Compensações.

O mocotó também pode ser apreciado em botecos em geral. Muitos deles tem um dia dedicado ao mocotó e vendem o prato completo ou apenas o caldo. Muito bom para dias frios. Quanto ao boteco, não importa a qualidade. O que importa é a confiança que se tem nele. Se você já frequenta o boteco há muitos anos, come pastel e caldo de cana, por que não provar o mocotó. Se você nunca foi lá e só entrou porque teve que parar na frente para trocar um pneu, melhor não arriscar.

O mocotó e seus congêneres são pratos maravilhosos para quem está acostumado e absolutamente detestáveis para quem nunca provou mas sabe como são feitos. Arrisco-me a dizer que tais pratos devem ser provados antes dos sete anos. Depois, o risco de rejeição é muito grande e isto sempre é um problema pois renegar pratos típicos regionais equivale a renegar as origens. Antes dos sete, o paladar não tem preconceitos.

Muitos apreciam um ou mais destes pratos, desconhecendo o conteúdo exato. Outro negam por conhecer o conteúdo e há também quem negue com base apenas na imaginação do que possa conter o nobre prato. Mas não se assuste, não há no preparo do mocotó nada que justifique isso. O que existe é preconceito. Entre tantas desculpas que se ouve, há a de um amigo que alega ter comido mocotó toda semana ao longo de sete anos de estudo em colégio militar. Ele entende que já comeu toda a sua cota para esta vida. Neste caso, parece justo.

Meu amigo Francisco, todo ano prepara um mocotó excelente. Acho que este ano estava melhor até que o da tia Santina.


Escrito em 23.05.2000
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