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Poesias-->BALADA DA VIDA ATRAVÉS DO ESPELHO -- 15/11/2002 - 08:14 (Luisandro Mendes de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Tudo,

Simplesmente tudo

Reduzira-se à um ínfimo e patético nada.

Mimeticamente me tornei ninguém.

Via-me no espelho pela manhã

E não encontrava reflexo algum

De uma personalidade tão minha,

Que um dia vira nascer.



Os objetos e pessoas

(até as pessoas meu Deus!)

Eram apenas ridículas coisinhas mexentes

Que se balançam à vontade de um

pseudo-senhor.



Quebrei o espelho

Para não voltar a encarar o nada todas

[as manhãs.;

Este nada que seqüestrara minha liberdade

Tomando-a pelo pulso

Dizendo és minha!

E a levara embora.

Fui-me!

E não voltei-me!



Busquei-me nos livros.;

Nos poemas simbolistas

(mas antes,

Havia tentado fazer arte pela arte).;

No niilismo e na filosofia existencialista

(em todos os ismos dicionarizáveis),

E descobri que Nietszche estava morto.;

Nos outros.;

Na escola.;

Na igreja.;

No estado.;

Na política.;

Em discursos vazios que poucos analisaram.;

Até briguei com meu inconsciente freudiano

O que fez meu eu-lírico punir-me com a

falta de inspiração.;

Em ideologias dispersas em códices

[sagrados

Até hoje indecifráveis por estarem numa

[linguagem

Tão complexa e alegórica

(uma espécie de álgebra discursiva).;

Busquei-me nas cidades fantasmas,

Inda hoje inabitadas pelas gentes cabreiras.;

Tentei a música,

Da clássica à popular do Brasil,

E lembrei que não sei tocar instrumento

[algum.;

Olhei pelo buraco das fechaduras

Onde a escuridão e a vergonha do pudor

Ousaram me censurar.;

Desmontei quebra-cabeças

E desisti de montá-los.;

Como Drummond,

Amanheci e lutei com as palavras.

A sova deixou cicatrizes

E dores eternas nas costelas.;

Tentei sonhar

Mas não consegui dormir

Porque era calor e o sol estava alto.;

Chamei as crianças,

Mas, ingenuamente

Descobri que a tv as roubara das fábulas e contos de fadas.;



Após séculos de azar.

Comprei um novo espelho.

(via Internet,

Não estava preparado para encarar um,

Assim, de súbito).

O carteiro entregou o embrulho em mãos.

Senti tremores e calafrios,

Que nem Hitcock me fizera passar com seus

[filmes.

Deixei-o por dias num canto obscuro e

[incerto.

(precisava me preparar para o reencontro).

Seria hoje.

Não hesitei.

Fechei os olhos.

Desembrulhei o pacote empoeirado.

Abri os olhos

E o que vi:

Foi um profundo e apavorante

VAZIO.

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