Carnaval
Depois do Ano Novo, as cidades que organizam o Carnaval ficam a pleno vapor, todos animados com o início da festividade, com o lucro inimaginável nenhum administrador de sã consciência iria abrir mão dessa bela receita.
È de fato uma bela injeção financeira de início de ano, ainda acompanhado com o imposto predial e territorial urbano, IPTU é dinheiro que não acaba mais.
Mas não é só isso não, tem camarotes, patrocinadores a cada canto, esquina e pasmem, até postes de iluminação. Os enfeites tradicionais cederam espaço para os adereços “carnavalescos” que coçam o bolso do barão e enchem os cofres públicos; os administradores ainda choram aos quatro cantos, obviamente nos intervalos das festanças, lavagens e feijoadas, dizendo não ter dinheiro para obras, saneamento, educação e saúde.
Os empregos de ocasião aparecem, os subempregos proliferam-se naquela corda de “carangueijos” onde os empresários de blocos só faltam amarrar os coitados, que se divertem de montão, entre empurrões e falta de condições de trabalho, para no final dos festejos receberem verdadeiras esmolas, isso quando recebem...
A alta estação dos cantores de ocasião, faz surgir um bando de músicas e músicos, com suas letras para lá de duvidosas, até Ivete Sangalo “escorregou” esse ano, no mau gosto da música do “lobo-mau”, gritando aos quatro cantos: “vou te comer, vou te comer...” e assim por diante.
No Carnaval da modernidade, o que falta de criatividade, sobra em mau gosto, em pornografia e violência; para quem está sorvendo a famosa “loira gelada” protegido nos cordões dos escravos modernos, ou nos imensos camarotes com todo tipo de regalias, podem até achar muito bom mesmo, pois as pornografias e letras chulas, descem incólumes pelo gargalo da cerveja, que chegam a um ponto de nem saberem o que estão cantando, basta a movimentação frenética e erótica para a festa da carne se consolidar; agora para quem está com sua mente em formação, ou quem passou anos e anos sendo “bombardeado” diante dessa expressão musical inútil, toda essa “cultura” tornou-se “normal” sendo passada de “pai” para filho, tornando a cidade, o berço da cultura inútil onde o “baiano” não nasce, “estréia” “aculturando” todos os seus descendentes até o próximo carnaval, com a próxima agrura a ser apresentada.
Isso tudo é um verdadeiro círculo vicioso, porque os governantes, que ganham muito com toda essa festividade, lucram por um lado e por outro lado; com a alienação pública da maioria das pessoas que comandarão a massa do “pagode” e o errado e execrado será sempre aquele que irá alertar sobre toda alienação cultural e educacional.
Marcelo de Oliveira Souza
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