Não... Não tenho facilidade com as palavras. As palavras é que me dominam, fazendo da escrita a agradável rotina de minha vida. Não posso reclamar. Gosto de lidar com letras, frases, versinhos, prefiro os “sem rima” por dizerem mais fundo o sentimento. A rima e a métrica sempre tiram do lugar certas idéias dando destaque a outras que não realizam o ato completo da original. Sou súdita das expressões. Principalmente aquelas que têm o gostinho de bolo, ainda quente, ao ser desinformado e exala aquele cheirinho apetitoso, com sabor de tarde de sábado. Há palavras que vêm e se fincam de tal modo nas idéias, que não há outro jeito senão soltá-las... E elas lá ficam, à procura do encaixe perfeito dentro da frase ainda sem vida. Sou sempre surpreendida nos momentos mais sensíveis, de humor leve, ironia, ou quando por algum descuido meu coração se deixa exacerbar pelo amor, carinho, lembranças doces e momentos únicos. Mas elas, as palavras, não compreendendo bem o que se passa, passam a atiçar-me no intento de me fazer escrever e começam a dançar-me nas idéias, assustando os pensamentos, agravando os sentidos... E lá vão elas, a esmo, em desabalada carreira brigando por um lugar onde a harmonia do verso as estabilize... Eu, terminada essa labuta incessante, passo a lê-las para sentir se elas deram o meu recado certo.
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