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Artigos-->A MOÇA É CEGA -- 22/01/2002 - 13:25 (Manoel Antonio Bomfim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esse artigo foi publicado no dia 29/12/2001, no Jornal A Praça, da cidade de Iguatu-Ce, pelo Dr. Mário Leal, advogado e presidente da Sub-Seção da OAB de Iguatu, em sua coluna "Mário Leal em três Dimensões".



Eu sempre achei a alegoria que representa a Justiça, paradoxal, em alguns aspectos, passível de interpretações dúbias pela simbologia que contém, pois puseram uma moça cega, sustentando em uma das mãos a balança e na outra a espada.

Em primeiro lugar, a curumim sendo cega, não pode enxergar os erros judiciários, os milhões de injustiçados que passam fome, as minorias que são acintosamente discriminadas, as crianças inocentes que morrem nas guerras, a prepotência de alguns juízes e a fraqueza dos humildes.

A moça não vê que o reconhecimento da dignidade humana deve ser inerente a todos e que os direitos são iguais e inalienáveis, constituindo o fundamento da liberdade, da justiça e da paz social. Ela também não vê as tortutas que ainda hoje são praticadas covardemente dentro dos cárceres, quando a Carta Política de 88 abominou esta descrepância, arremessando-a na masmorra dos delitos hediondos.

Por outro lado, pra que adianta aquela balança na mão da menina se ela não está vendo o que estão botando dentro dela?

Pra que adianta aquela balança se as bandejas estão vazias do ideal comum a ser atingido por todos os povos, a fim de que a humanidade possa ter uma vida digna, sem fome e sem guerra?

Pra que adianta aquela balança se o prato reservado aos pobres está repleto de condenações, enquanto a bandeja destinada aos ricos está vazia e os seus inquilinos vivem desfilando na mais desavergonhada impunidade, ocupando cargos públicos, zombando do Direito e da Justiça?

Pra que adianta aquela balança se a moça não afere o direito das minorias que estão sempre levando a pior em nome da repressão, a impunidade?

A menina não vê que o pretexto é dirigido apenas aos pobres que continuam sofrendo repressões, enquanto os ricos, pagando bons advogados, se aproveitam das sendas abertas para desfrutar das sinecuras da lei.

Na verdade, os pratos da balança não são iguais para todos e permanecem vazios de fé nos direitos fundamentais do homem, desprezando a dignidade e o valor dos humildes, omitindo-se a instaurar melhores condições de vida nos parâmetros da liberdade mais ampla e mais justa.

Até hoje, juro que não entendi pra que serve aquela espada na outra mão da donzela cega, pois estando a senhorita ofuscada corre o risco de acertar apenas nos miseráveis.

Nos Estados Unidos a guria foi mandada para as montanhas e cavernas do Afeganistão com o hipocorístico de Justiça Infinita pra brincar de cobra cega e ver se prendia o capengante Osama Bin Laden.

Talvez pelo fato da moça não avistar e depender tanto dos outros, anda meio esquecida de que o reconhecimento inerente a diginidade de todos os membros da família humana e de seus direitos, são iguais e inalienáveis, constituindo fundamentos da liberdade, da justiça e da paz social.

Se a menina enxergasse um palmo na frente de seu nariz, viria que o papel fundamental da Justiça é o de atribuir a cada um o que é seu, sem discrepâncias, não permitindo que os direitos dos fracos pereçam, comprometendo a crença na validade da Justiça humana.









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