Usina de Letras
Usina de Letras
259 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50555)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140788)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6177)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->UM DIA, AO PIAUÍ - Nelson Hoffmann -- 29/12/2009 - 15:45 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM DIA, AO PIAUÍ



Nelson Hoffmann*





Livros e autores revelam a fertilidade literária e cultural do Piauí



Um dia irei ao Piauí. Em lá chegando, vou direto à procura do Adrião Neto. Este eu sei que sabe tudo, conheço-o, com ele me acerto. Abraço-o e batemos um papo. Ele fala-me do Piauí, da geografia, da história, economia, política. Do turismo, é claro, também: do Delta do Parnaíba, do Parque Nacional. De sua querida Luís Correia…



E eu conto-lhe do interesse que a fertilidade do Piauí está provocando por aqui, no Sul.



- Fertilidade?



Isso, fer-ti-li-da-de. Não houve engano, não, está certo, a palavra é “fertilidade” mesmo. Fertilidade, em dois sentidos, até.



Em sentido natural, de solo, terra; e em sentido cultural, de inteligência, arte. Quanto ao natural, daqui, de minha região missioneira, de Santa Rosa e arredores, está havendo verdadeira corrida para os lados do Piauí, para o sul do Estado, para os domínios de Bom Jesus, Uruçuí. Para lá vão os nossos colonos, em nova cruzada de fé e esperança por dias melhores, o que lhes é garantido pela infra-estrutura das agrovilas e opulência das terras.



Quanto ao lado cultural, eu direi ao Adrião Neto que, antes de conhecê-lo, eu sequer sabia que o Esdras Nascimento, o O. G. Rego de Carvalho e outros, de minha leitura, eram do Piauí. De lá, de tão longe, só mesmo o Assis Brasil; e isto, graças ao Prêmio Walmap, que destacou o fato.



O Adrião Neto, com o seu Literatura Piauiense para Estudantes, fez de mim um estudante do Piauí. Passei a interessar-me, o livro era por demais chamativo. Havia curiosidades muitas, eu estava sendo convidado para um mundo desconhecido. Embarquei. O Adrião guiou-me, mandando o seu Dicionário Biográfico de Escritores Piauienses de Todos os Tempos. E acrescentou-me o seu Dicionário Biobibliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos. E somou Coletânea de Escritores Brasileiros Contemporâneos em Prosa e Verso. E adicionou Cordéis – Passeio pelo Jardim da História. E remeteu uma “De Repente” atrás de outra. E…



Eu mergulhei fundo na fertilidade dessa Literatura tão pouco conhecida por estas bandas sulinas.



Lá pelas tantas, um dia, encontrei o Herculano Moraes. Este apresentou-me a sua monumental Visão Histórica da Literatura Piauiense, em três tomos e sucessivas, revisadas e atualizadas edições. A obra é um panorama completo da Cultura Literária Piauiense, desde suas origens até os dias de hoje. Cada movimento literário, nacional e mundial, é delineado, a situação local é caracterizada e, a seguir, o autor é enquadrado. Cada autor é biografado, tem um texto selecionado e é criteriosamente analisado. Uma obra definitiva.



Um paralelo? Entre os livros do Adrião Neto e a obra do Herculano Moraes?



Já está nos títulos. Excelentes, cumprem tarefas diferentes.



A tarefa literária é tarefa estética. A estética vincula-se à sensibilidade e busca a perfeição. É uma atividade espiritual. Suprema.



No Piauí, um jovem poeta cumpre essa tarefa com rara competência. Dilson Lages Monteiro é o autor de Colméia de Concreto e Os Olhos do Silêncio. Os dois são livros da mais pura poesia. Um signo, um gesto, um pulsar desapercebido, qualquer existência, tudo é captado e motiva a sensibilidade do poeta. Apreendida a essência, surge a construção nova. Original. Com o mínimo de palavras e o máximo de significados.



Isto é poesia, isto é arte.



Como são da melhor arte, os textos desse grande poeta e prosador que é Francisco Miguel de Moura. A prosa do Chico Miguel, como é conhecido, é das coisas mais saborosas de que se tem notícia por aqui, como vindo de lá, do quase outro extremo desse imenso país. E A Vida Se Fez Crônica e Por Que Petrônio Não Ganhou o Céu são livros que a gente lê de uma assentada só. E se diverte. E se delicia. E se angustia. E se vive.



Francisco Miguel de Moura parece-me o próprio Piauí.



E, olhe, que eu não mencionei o Oton Lustosa, com o seu excelente Meia-Vida, nem o José Ribamar Garcia e o seu belo Além das Paredes. Também não comentei a intensa atividade literária da Presidente da ALVAL, Maria do Socorro de Carvalho, e o entusiasmo sem fim da escritora Francisca Miriam. Ainda…



Sim, sim. Sei. Tem a Literatura de Cordel, a revista “De Repente”, o…



É muito, perco-me. O Piauí é-me tão distante e figura-me tão diverso que desando. Reconheço que preciso conhecê-lo melhor. O jeito é ir até lá, não vejo outro. Preciso ir. Irei, um dia.



Abril/2000 - Página republicada em 30/03/2009, no site LetraSelvagem

__________

*Nelson Hoffmann, escritor brasileiro, contista, cronista, crítico literário e romancista, autor do romance “A Bofetada” EDIURI, Santo Ângelo-RS, 2008. Mora em Roque Gonzalez, RS.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui