I
As forças da justiça deste mundo
Nem sempre vão em busca da verdade:
O interesse maior da propriedade
Do direito é o sentido mais profundo.
Quem trouxer para o etéreo a veleidade
De manter o princípio, um só segundo,
Vai saber, na verdade, quanto é fundo
O oceano do orgulho e da vaidade.
Não existe interesse que se preze,
A não ser a vitória dos amigos,
Caso o progresso d alma nunca lese.
Assim, há que enfrentar sérios perigos
Aquele que por pouco logo enfeze:
Lição que nos ensinam os antigos.
II
Sabemos, de antemão, que a nossa rima
Não tem o brilho puro da verdade,
Porém, que o nosso amigo não se enfade,
Querendo ter aqui uma obra-prima.
Saindo pela Terra, em “promenade”,
O belo na poesia é o que se estima,
No entanto, este mistério é o nosso clima,
Que o bem é séria lei que o verso invade.
Jesus também esteve co os humanos
E trouxe versos lindos na algibeira,
Querendo pôr um fim em seus enganos.
Agora, mesmo quando não se queira,
As rimas vão causar bem sérios danos,
Que a tese da poesia é verdadeira.
III
Saindo um pouco só deste roteiro,
Iremos pôr mais medo em nosso irmão
Que espera, nestes versos, solução,
Que a dúvida, na vida, vem primeiro.
Contudo, caso ouça o coração,
Porá nesse temor um paradeiro,
Que o mundo está ali, todinho, inteiro,
No aguardo tão-somente da razão.
E como descobrir toda a verdade?
Cumprindo, com amor, cada dever,
Que a lei exige meiga caridade.
Assim, o que esta turma descrever,
Por mais que o bom leitor a rima agrade,
Não pode, sobre o bem, ter mais poder.
IV
No dia em que, no centro, a turma estuda,
Eu sinto o bom desejo de lá ir:
É útil a leitura de se ouvir,
Que é lendo que se tem total ajuda.
Os temas me preparam o porvir,
Que a falha do caráter se desnuda
E o plano de trabalho logo muda,
Na linha que me leva a progredir.
O texto desse irmão, André Luís,
“Missionários da Luz”, é bom exemplo
De como pode um livro ser feliz.
O Chico Xavier se fez um templo
De luz e de labor — “Chico de Assis”:
Com dons de tanto amor, eu me contemplo.
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