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Humor-->O EMPREGO PERFEITO -- 26/08/2002 - 00:56 (Helinton Pires Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Está tudo errado. Não são as obrigações que me assustam e sim a falta de estímulos à elas que me aterrorizam. E, fatalmente, me fazem temer pelo meu futuro profissional. Parece-me que nenhum trabalho/ofício humano com o qual me incumbissem, me traria a alegria natural do trabalhar. Sinto que a melhor das profissões seria um misto de dores de cabeça e camisetas suadas. Movimentos repetitivos desprovidos de intenções originais, e soluções brilhantes para os problemas mais cabeludos. Um mix de piso e terra, ar puro e ar condicionado, pinga e whisky importado.

Vejo-me de manhã acordando, pegando minha marmita e subindo no ônibus. Chegando atrasado para bater ponto da construção onde estou trabalhando. Perco a conta de quantos carrinhos de mão encho com tijolos e quantas vezes desço e subo nas plataformas. O dia inteiro, de cima para baixo. Converso, me divirto com os colegas, sinto o ar fresco da manhã azulada nos andaimes mais altos enquanto a cidade ainda desperta lá embaixo. Vagarosamente as ruas começam a ser preenchidas com vida. Suo a camiseta já surrada de tanto uso. Passo o tempo todo fazendo exercícios físicos muito mais eficientes em sua naturalidade do que qualquer academia que pudesse pagar.

A sirene toca, final de expediente, é bater o cartão e voltar para casa exausto, semimorto e com a certeza de que passei um dia inteiro na rua, de braços dados com o ambiente a minha volta. Antes de ir, olho para o lado. Do alto do andaime vejo o Guaíba, escada que o sol desce lentamente cansado da labuta diária.

Hoje não acordo as seis da manhã, levanto as oito. Mais do que suficiente para chegar na agência as nove. Afinal, vai ser mais um dia daqueles, sem horário de saída. Chego na sala da criação. O ar condicionado já está a toda, mas parece que não dá conta. A calça incomoda, quem dera poder usar um calção. O job é complicado, elaboração de campanha para as polcas e parafusos Heinst. O prazo, como sempre, uma $%$%. - É pra ontem. Grita o Edílson.

São quase dez e meia da noite. A cabeça está fervendo, mas parece que chegamos a um ponto congruência, pelo menos é o que achamos. O orgulho de ver o trabalho pronto em cima de uma boa idéia batalhada, supera todo o esforço e dificuldades até então sofridas. Volto para casa cambaleante, mas feliz.

Amanhã será dia de catar lixo na rua e correr atrás do caminhão, tenho de estar com fôlego, vida de lixeiro não é fácil. Mas aposto que amanhã diminuo o meu tempo de percurso. Essas corridas só tem ajudado na minha dieta.

É assim, o emprego perfeito é uma mistura de paredes, cadeiras, computadores e pensar criativo, com ar livre, cheiro de terra, suor e outras coisas simples da vida tão necessárias a nossa condição humana. É dormir encostando a enxada e levantar apertando a gravata. Calçar o chinelo para depois apertar o sapato. Visitar o shopping, para depois ir na feira livre. Ir no museu, para depois assistir Big Brother Brasil.

Nenhum bicho homem foi criado para ser enclausurado no concreto e viver o mundo e os sentimentos através da mente. Também a nós não foi dado intelecto para que dele não evoluamos. Assim sendo, sejamos artesões de corpo e mente.

Alguém conhece um emprego assim?

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