Todas as tardes eu passava por aquela rua. O cami
nho era mais fácil. Só que de vez em quando, havi-
am crianças brincando no meio. Era muito estreita,
e os meninos juravam que era o melhor lugar para
jogar bola. A vantagem é que ficava no meio do bos
que, lindamente arborizado. Não seja tolo, já viu
bosque que não seja arborizado? O ócio nos propi-
cia divagações estúpidas... às vezes esqueço tudo
isso, já foi o tempo que vivi tantas coisas. Mas a
medida que atravesso o lugar, minha melancolia au-
menta.
Estou um pouco cançado, preciso sentar. Penso.
Por onde andará Stephen? Era tão bom quando vínha-
mos juntos pra cá. Podia apreciar tudo com ele,
até as amarguras. Era meu único irmão, e o engra-
çado, era nossa diferença física. Achavam que éra-
mos amantes. Na verdade, comemos muitas "mujeres"
juntos. Boas lembranças aquelas! Éramos tão
jovens...
Continuo sentado. Agora me dou conta que a vida
está correndo devagar, e na minha exigência de tem
po vital, sou abusado por isto (a velhice). A exa-
tos vinte anos discutimos nós discutimos por causa
da mesma mulher e deixamos de ser "menos" amigos.
O Stephen era um cara legal. Eu também. Detesto fi
car lembrando das coisas esquecidas, isto é, nos-
talgia doentia. Observo o joguinho de futebol: são
lindos meninos brincando na área estreita. Gosta-
ria de esquecer tudo isso e nascer de novo. Seria
possível? Acho que sim, estou com 62 anos...