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Artigos-->CAIM -- 12/11/2009 - 10:31 (Mirian de Sales Oliveira da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




CAIM



O NOVO LIVRO DE SARAMAGO



Para nossa alegria,o escritor José Saramago presenteou seus inúmeros leitores com um novo livro,que,na verdade é uma fábula sobre os caminhos do homem,e. fiel ao seu estilo,não recuou diante de nada nem usou de subterfúgios,nem se escondeu da crítica ao abordar um tema tabu para a Humanidade:a existência e o papel de Deus,diante das agruras humanas.Este tema intocável e capaz de provocar polêmicas foi abordado ,no livro,com coragem e total desprezo pelas farpas e opiniões contrárias que foram lançadas e escritas contra ele.

Muita gente achou esse livro um acinte às crenças existentes algumas tão velhas como o mundo e nunca questionadas.

Mas,ao contrário do que as pessoas pensam e falam ou escrevem(sem nunca sequer ter aberto uma única página do livro),o assunto desta obra é o Homem;sim,o homem que criou deus por precisar de um herói confiável,alguém que lhe valesse nos momentos difíceis.Uma parede a se encostar!

Saramago quer nos mostrar que o nosso semelhante ,ser dito humano,capaz de construir civilizações avançadas,explorar o Cosmos e os mares não é um ser confiável.

Nascemos loucos desvairados e assim vamos continuar.

Ou não é louco um cidadão que mata em nome de um deus que nunca viu nem cheirou, que invade a pátria de outros para lhes roubar as riquezas e usa a religião como pretexto,que destrói civilizações,que tenta impingir por meio de baraço e cutelo a sua divindade por achar que esta é superior à do vizinho,que sacrifica virgens e crianças,que condena ao fogo real,das fogueiras armadas nas praças ,pessoas cujo único crime é pensar diferente e ao fogo eterno as almas dos contrários?

Todas as civilizações se organizaram em torno de uma divindade e todas têm uma coisa em comum:vivem do sangue,da violência e da pilhagem.

Essas civilizações acabaram por criar um deus à sua imagem e semelhança,mas,acharam um jeito de dizer que foram feitas à semelhança da divindade que criaram,baseadas no medo e na superstição.

Algumas foram menos violentas que as outras e até criaram uma justificativa moral para os seus atos de vandalismo contra o próximo,como a Greco-romana,mas,a pior de todas,infelizmente é a nossa,que sempre viveu de guerras de conquistas e de genocídios freqüentes justificados pela religião;que,aliás,já matou mais gente no mundo do que a política.

Quando um escritor soberano e corajoso como Saramago expõe essas feridas, e,apenas,questiona supostas verdades inconcebíveis de serem cridas,em vez de uma auto-análise ou um “mea culpa”,nós,os povos do Ocidente,que nos achamos o máximo,caímos em cima do autor,detratando-o,apenas porque ele teve a coragem de nos puxar pelo cabelo e nos mostrar no espelho,como realmente somos e no que acreditamos.Se ainda existisse a Inquisição certamente ele seria queimado em praça pública.

Mas,essas barbaridades ainda existem bem próximas de nós ,no outro lado do mundo,com a nossa benção e complacência,nos estados teocráticos, onde pessoas vivem uma opressão e sofrem torturas apenas pelo crime de pensar diferente.

O romance de Saramago é contra os atos dos homens.

É contra a cegueira que todos nós ainda sofremos,a cegueira mental que nos permite só ver o que queremos.É mais fácil enxergar um argueiro no olho do seu irmão do que no nosso,,dizia Cristo,outro cordeiro imolado por querer trazer para a Humanidade a Boa Nova do amor entre os homens.

Esta cegueira permite que as pessoas lancem a obscuridade no mundo,que não enxerguem além do próprio umbigo;eles criaram assim os seus deuses e agora esperam que esse deuses cruéis e fracóides ,como o velho Javé do Velho Testamento,o tirem da encrenca que eles mesmo criaram.

Sabem que fracassaram e suas crenças serão demolidas, como um castelo de cartas, mas,não têm a coragem de atirar longe o manto da ignorância e da escravidão.

Se quisermos matar,espancar,torturar,destruir que ao menos tenhamos a decência de confessar nossa voracidade e nosso fracasso,sem precisar meter um deus no meio para justificar o injustificável.

Se criamos essa divindade incômoda e ultrapassada á nossa imagem e semelhança,que nos solicita a dor,o sacrifício,o negaceio,a mentira e a crueldade, já não está na hora de aposentá-la?

Este novo livro de Saramago é Literatura com L maiúsculo. O livro não deixará ninguém indiferente ,mas,a função da Literatura é nos fazer pensar,chocalhar nosso cérebro semi-morto,não para adormecer nossos pensamentos e sentimentos nem para dizer “Amém” a tudo. É um livro para cérebros e pessoas que não tenham medo de usá-los.É um livro para reflexão pessoal,para ser discutido,comentado,lido,debatido,enfim,para tirar a verdade do fundo do poço onde se encontra nua e desamparada há milênios.

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