Um renomado cirurgião plástico, ao tomar conhecimento que o amigo havia trocado a fogosa e estonteante esposa, por outra, desengonçada e sem beleza, foi ter com ele para saber a motivação.
- Pô, Guilherme... que deu em ti rapaz?
- Pois é... não teve jeito... aconteceu!
- Vai desculpando a intimidade... Você sabe muito bem que conheço a Karlota como a palma da minha mão!
- Eu sei... – intuiu o outro.
- Essa tal Rita que você arranjou, não sei onde, ao que me parece não é perfeita tal quanto a nossa Karlota... Pelo que sei, não tem aqueles lábios doces e carnudos; aquele par de seios que mais parecem duas maças argentinas no cio; aquela bunda arrebitda que da inveja ao celim de bicicleta; aquelas coxas roliças e macias que mais parecem pele de bebê; tão menos aquela virilha maravilhosa que só você e eu sabemos que a Karlota tem ... Pô, cara, essa tal de Rita não tem nada!
O outro, contrariado com a franqueza do amigo, respondeu, com voz sumida:
- Eu sei que ela não é o tipo de mulherio que você está acostumado a ver. Não tem a plástica de capa de revista... Contudo, quando a Ritinha anda, e coxeia a perna direita... pô cara, aquilo me leva à loucura!
Essa é piada já gasta de tão contada e recontada. No entanto, traduz-se na síntese do conto: FAZENDO AMOR COM OUTRA PESSOA E DERRUBANDO MITOS, de ANTONIO VIRGILIO DE ANDRADE.
Levando-se em conta que toda piada encerra uma moral, por mais imoral que possa ser o desfecho; é irrefutável afirmar que a desrazão nutre-se da razão para desnudar mitos enquanto sustenta paradigmas forjados em conceitos de nossa sociedade preconceituosa. Os estereótipos da beleza; as inverdades sobre os benefícios do sexo; a verdade sobre o relacionamento amoroso, são molas motriz do enredo picante e divertido dessa oportuna obra universal.