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Textos_Religiosos-->Medellín e o método da Teologia da Libertação 250302 -- 03/02/2005 - 14:24 (Rodrigo Moreira Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rodrigo MMartins 250302

HIGUET, Etienne – “Medellín e o método da Teologia da Libertação”. In: Estudos de Religião nº6 (A maioridade da Teologia da Libertação). SBC, IMS, 1989. (data final: março)


Referência histórica: Conferência episcopal Latino-americana celebrada em Medellín (Colômbia), em 1968, situa-se claramente na transição entre o recurso ao método ver-julgar-agir da ação católica especializada e os desenvolvimentos que conduziram à consolidação do método da Teologia da Libertação.
Para as contribuições metodológicas temos:
1- um rápido esboço metodológico;
2- que conduzirá a uma análise dos doctos de Medellín;
3- desenvolvimentos do método da TdL ocorridos depois de Medellín.

A teologia consiste na elaboração da experiência primordial da fé no pobre e a partir do pobre, parte da práxis do oprimido que se liberta e, o anúncio das boas novas aos pobres e pelos pobres torna-se, para a comunidade, missão de salvação.
Desde o começo, a TdL considera que o compromisso com o processo de libertação é o ato primeiro e que a teologia vem depois, como um ato segundo.
O teólogo toma consciência de seu lugar social, ele opta por ver a realidade social a partir dos pobres. Assim fazendo, ele tem consciência de assumir a opção mesma de nosso Deus e Senhor, que se manifestou na história de Israel e na existência histórica de Jesus de Nazaré. Toma ciência de que as libertações históricas já constituem etapas na construção do Reino definitivo de Deus.
A teologia caracteriza-se por uma serie de meditações interpretativas e práticas, que correspondem às múltiplas dimensões da encarnação de Deus e de seu Reino na história humana. São 3 principais:
- mediação sócio-analítica – procura entender por que o oprimido é oprimido;
Quer descobrir as causas. Veremos que, já em Medellín, a pobreza foi entendida como um fenômeno estrutural, dialético, conflitivo e dinâmico – é a teoria da dependência.

- mediação hermenêutica – procura ver qual é o plano divino em relação ao pobre;
O teólogo denuncia como pecado a injustiça feita ao pobre e anuncia profeticamente a sua destruição no Reino escatológico de Deus. haverá uma re-leitura a partir dos pobres não apenas das Escrituras Sagradas, mas também de toda a tradição teológica e magisterial. Essa re-leitura implica a rejeição de todo discurso teológico – ideológico.

- mediação pastoral ou prática – tenta descobrir as linhas operativas para superar a opressão de acordo com o plano de Deus.
São as estratégias de ação pastoral na igreja e da colaboração com grupos não-cristãos ou pluralistas que perseguem o mesmo objetivo.

O objetivo da teologia do desenvolvimento era estender aos países pobres os resultados do desenvolvimento tecnológico e econômico alcançado pelos países ricos.

A diferença entre o método ver-agir-julgar e o do Vaticano é que este último inverte a ordem da TdL: orientações espirituais; orientações pastorais; orientações sociais. Talvez aqui já estejam presentes as raízes do mal-entendido persistente entre o Vaticano e a Igreja latino-americana a respeito da TdL e das linhas prioritárias de ação pastoral, como a ênfase dada às CEBs. O papa não parte da análise social.
A TdL mostrará que a experiência do amor de Deus produz-se concretamente como experiência de Sua presença no grito do irmão mais pobre, na revolta evangélica contra a injustiça feita às massas oprimidas e na luta libertadora contra a miséria injusta.
A teologia parte do homem, do ser humano que sofre, sacramento do encontro de Deus, restituído à condição de imagem de Deus pela encarnação do Filho. É exercer com visão de fé e esperança a função profética do amor, desejo de emancipação total, de libertação de qualquer servidão, de maturidade pessoal e integração coletiva.
As conclusões em 3 partes:
1- promoção humana – análise da situação de modo dinâmico, incluindo práxis, conflitos e lutas, realizada com o auxílio de um instrumental emprestado das ciências sociais; (ver)
2- evangelização e crescimento – avaliação teológica, à luz da Palavra de Deus, dessa situação; (julgar)
3- crescimento da fé – orientações tanto para a ação dos cristãos na sociedade como para a ação mais especificamente pastoral da Igreja institucional; (agir)

Podemos discernir nos documentos de Medellín uma série de elementos que serão desenvolvidos pela TdL: (resumo até aqui)
1- ponto de partida especialmente no homem pobre, em quem se dá a experiência de Deus e de Cristo;
2- as 3 mediações do trabalho teológico: mediação sócio-analítica, mediação hermenêutica, mediação prática;
3- é que o pobre e o oprimido são sujeitos históricos de sua própria libertação, antecipação da plena redenção de Cristo.

A pedagogia libertadora deverá levar – graças ao espírito crítico – à transformação das estruturas sociais e econômicas.
Um novo ponto de partida da teologia: a ruptura epistemológica.
A TdL se caracteriza pela práxis, sendo seu ponto de partida a transformação da realidade opressora. A ação e reflexão, entendidas dialeticamente, são inseparáveis. O dilema que provoca essa ruptura está nas oposições dominação-libertação, interpretação-transformação da realidade.
A função libertadora do conhecimento é transformar uma realidade para que chegue a ter significado e a recuperar de seu modo o sentido perdido ou ameaçado da fé.
O método da teologia é percorrer, não pensar o caminho de Jesus.
O realmente outro, é o oprimido.
A prática da TdL precisa de uma lógica dialética para falar da novidade que explode numa história humana em movimento, nos conflitos e nas contradições.
A questão do teólogo pode situar-se dentro da questão mais abrangente do intelectual na nossa sociedade, especialmente do intelectual organicamente articulado com as classes populares.
Mediação sócio-analítica
A oposição dialética entre classes antagônicas é a contradição fundamental que suscita o progresso histórico em direção ao reino da liberdade.
Mediação hermenêutica
Toda teologia é – direta ou indiretamente – um discurso sobre Deus. A TdL fala de Deus a partir das massas oprimidas da América Latina.
A TdL denuncia como pecado, a situação de injusta opressão na qual sofrem os pobres da América Latina e do mundo. Ela desvenda assim o sentido do presente a partir do Sentido Absoluto e Último (escatológico), que é o Deus revelado em Jesus Cristo.
O primeiro problema epistemológico a ser levantado foi o da articulação entre o discurso teológico e a análise social.
Mediação prático-pastoral
Para ser eficaz, essa ação libertadora deverá partir das possibilidades e chances do presente levantadas pela análise social.
Para ser evangélica, ela partirá dos princípios éticos da nova existência do Reino.
A passagem da teoria à práxis constitui uma nova ruptura epistemológica.
A última tarefa do método será determinar em que sentido a práxis é critério de verdade, contudo, essa ruptura que existe entre o discurso da fé e a práxis não autoriza uma verificação total, já que o Reino definitivo ainda está por vir e que sua realidade plena assim como os caminhos de sua realização pertencem ao mistério de Deus.

Conclusão – tentamos mostrar como a TdL procurou criticar e aperfeiçoar seu método no decorrer dos anos posteriores a Medellín.
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