I
Na hora da partida, sente medo,
Se não tiveres nunca honrado a vida,
Pois, desde cedo, a luta é mais renhida
E o gosto da saudade muito azedo.
Aceita o pessoal que te convida
A desfazeres simples arremedo,
E imerge no trabalho bem mais ledo,
Sabendo que o futuro vem da lida.
Imita de Jesus o dom do amor
E faze com que o bem exceda o mal,
Porque doce canção hás de compor.
Não há que se perder da vida o sal,
Posto no coração haja rigor,
Mas torna o teu saber bem natural.
II
Quiséramos que a vida fosse boa,
Que todos os irmãos fossem bacanas,
Que as suas atitudes, mais humanas,
Nos mostrassem que o bem sempre ressoa.
No entanto, nos domínios dos sacanas,
Notamos muita gente ali, à toa,
Que o tempo da preguiça sempre voa,
Tornando as viciações mais soberanas.
O tempo passa lento p ra quem sofre,
Fazendo o desespero quase eterno.
Por isso, das virtudes abre o cofre.
Jesus nos deu as leis do coração,
Que deve ser leal, honrado e terno,
Sublime ao caminhar à redenção.
III
Se temos um soneto p ra compor,
Não vamos dispensar o caro irmão,
Embora conheçamos, de antemão,
Ser mui difícil algo de valor.
Contando com a lei da reação,
Na ânsia de fazê-lo com amor,
Difícil, muito embora, quanto for,
Poremos toda a fé no coração.
Por que falar do Pai, num simples verso,
Que traz a marca rude do imperfeito
Roteiro de quem é muito perverso?
Aceitai-nos, Senhor, que o nosso peito
Resguarda todo o amor deste Universo,
Conquanto poetemos tão sem jeito.
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