I
Iluminai, Senhor, nosso caminho,
Que esta agrura de vida é quase infinda.
Tornai nossa alameda muito linda,
Dando-nos compreensão de cada espinho.
Se o domínio da paz nos falta ainda,
Não nos falte também vosso carinho.
Se o progresso nos vem devagarinho,
Certo é não nos deixardes na berlinda.
Ao cumprir o dever com muito amor,
Iremos alcançar vosso perdão,
Para o que já fizemos sem valor.
Tranqüilizai-nos, pois, o coração,
Favorecendo-nos a bem compor
Agradecida prece no refrão.
II
As tais virtudes que devemos ter,
Com o passar do tempo é que virão.
Mas só vão depender da reação
Que nos causar o ônus do dever.
Quiséramos o fim da evolução
E, para conseguir o tal poder,
Os sacrifícios que se vão fazer
Não nos devem pesar no coração.
O exemplo de Jesus é taxativo,
No sofrimento atroz da triste cruz,
Que o povo que o pregou lhe deu motivo
P ra que velasse ao mundo a sua luz.
No entanto, ressurgiu mais forte e vivo
E o seu amor a vida nos conduz.
III
— “Entrego os pontos!” — diz desesperado
Quem da palavra de Jesus duvida,
Porquanto o desejar vencer na vida
Terá de ser melhor estruturado.
P ra se aperfeiçoar, durante a lida,
Tem a maldade de ficar de lado,
Mas isso exige que o dever sagrado
Sobre noss alma com amor incida.
Jamais se entregue às mãos do vil destino,
Que vai arremessá-lo no ostracismo,
Ao desprezar da lei o rude ensino,
Que o desespero vai abrir-lhe o abismo.
Onde o remédio para o desatino?
Nas mensagens sutis do Espiritismo.
IV
Quem ao materialismo impôs um breque,
Desenvolvendo a tese de outros planos,
Evitando aos mortais tristes enganos?
O mestre lionês Allan Kardec.
A sua excelsa obra, há muitos anos,
Impede que o fervor do povo seque,
Que os temas de que trata, como um leque,
Se abrem p ra consciência dos humanos.
Se estamos cá na Terra a poetar,
Mostrando que essa vida continua,
É só nossa função vir indicar
Que a espiritualidade ainda atua.
O bom é ler Kardec, devagar,
E formular idéia toda sua.
|