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Artigos-->A ATOMIZAÇÃO DA PERSONA (PESSOA) -- 19/10/2009 - 17:36 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ATOMIZAÇÃO DA PERSONA



Francisco Miguel de Moura

Escritor, membro da Academia Piauiense Letras



Primeiro vamos ver o que entendemos por persona (ou pessoa): É o ser humano socializado, consciente, embora carregando no fundo de si o indivíduo. Indivíduo, de onde se deriva o individualismo, seria o homem fora da sociedade ou sem a devida sociabilidade. A criatura é por natureza e essência incomunicável, embora sinta o desejo da troca, da comunicação. O homem duplo. Daí que é muito difícil, senão impossível, uma sociedade de indivíduos. É necessário que os homens se associem a outros através de alguma coisa em comum, pois é aí onde eles se encontram. A natureza é excelência, mas os desejos também. Daí vem a organização e o “não faças a outros aquilo que não gostaria que lhe fizessem”. Depois dessas pequenas explicações, estamos mais ou menos concordes em que o indivíduo não terá vinculo sustentável antes de transformar-se em persona. Estamos falando filosoficamente, porém numa filosofia de base lingüística, o que vem a dar na prática. A sociedade é muito complexa porque composta de muitas cabeças, muitos indivíduos, e com a complexidade dos meios de comunicação (artificiais) mais difícil ficou. Não há sociedade sem o poder, mesmo que simbolicamente. E enquanto o poder ou o sistema lhe dita regras, não apenas dita como impõe, lhe dá o correspondente sedativo para que você não perceba. É a sociedade moderna, o mundo globalizado, neoliberal de mentirinha. Enquanto você é despersonalizado, vai substituindo seu poder de decisão por prazeres fúteis e enganosos: velocidade, fuga do tempo e de si. E com isto o indivíduo sofre por dois lados: por um, vê, perdidos, os seus traços pessoais de desejos e criatividade; por outro, o poder lhe tira seu individualismo, a fim de que você se entregue à multidão, à massa. Uma espécie de atomização. Foi nisto que se tornou o homem ocidental: atomizado, dividido, despersonalizado. Por quê? No cipoal de coisas e solicitações no fundo iguais, mas com cara de diferenças, o homem nada sabe e volta-se para a religião, buscando o que há de ilusório: um paraíso na terra ou no outro mundo (depois da morte). Vive essa dualidade artificial: Deus.

Pela pertinência do assunto, cito aqui Leonardo Boff, num artigo sobre a crise da cultura do Ocidente, o “zen” e o “zen-budismo”, com suas sábias observações, num diálogo imaginado por ele, mas possível na realidade: – “Que é o “zen”? pergunta um discípulo a seu mestre. E o mestre respondeu: – “São as coisas quotidianas; quando tiver fome, coma; quando tiver sono, durma”. O discípulo, então, lhe disse que era o que fazia todos os dias. – “Sim, respondeu o mestre. Mas”...– “Mas o quê, mestre”?– “Os seres humanos normais, neste mundo ocidental, quando comem pensam noutra coisa; e quando dormem, o fazem cheios de preocupação e têm seus pesadelos”.

Bastam estes exemplos para sentir-se que, aqui, o indivíduo se desintegra da natureza, passa a viver uma vida artificial. Torna-se um átomo, uma partícula e não uma parte. No mundo em que vive o homem está sempre querendo impor uma lógica fora de si, fora da natureza. Leonardo Boff explica que o “zenbudismo” não é uma religião, é uma atitude do homem perante si e a natureza.Conclusão: Lógica ocidental: quanto mais longe da natureza, mais desintegrado e melhor. Lógica oriental: a natureza é mãe, premia e castiga, dependendo de sua posição nela e diante dela. A persona do oriente não desaparece, fica mais concorde com o indivíduo. É como se o corpo e o espírito se unissem para chegar a uma vida mais humana, pacífica, civilizada, plena. O certo é que a cultura ocidental, atomizada e globalizada, só pode ter seus dias contados. Pois pretende, depois de acabar com o indivíduo, atomizar a pessoa e liquidar com as condições de vida natural no planeta Terra.



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