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Artigos-->CIVILIDADE E GENTILEZA -- 14/10/2009 - 22:29 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GENTILEZA É CIVILIDADE



*Francisco Miguel de Moura - Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras,



Estou de frente com uma matéria da revista “Isto É” (7/10/2009) sobre comportamento e civilidade, pensando que precisasse citar alguma coisa dela. Só para não perder o costume, vai aqui um pequeno trecho: “É difícil ser gentil, mas muito mais difícil é conviver com a falta de gentileza dos outros. Principalmente ao dar com uma porta fechada na cara, ter a lataria do carro amassada por um apressadinho ou passar pela sensação de ser invisível.” Falta de tempo, diz “Isto É”, a razão de tudo. Será?

Civilidade, educação não precisam ser explicadas. É não fazer ao outro aquilo que não quer que alguém lhe faça. E por que não se faz no dia-a-dia? Custa muito entrar no elevador e dar um “bom dia” ou uma “boa tarde”? A reportagem mencionada dizia até que estão criando escolas para tanto. E as existentes, a partir do jardim da infância, já começam a verificar que do jeito que o mundo está não é possível prosseguir. Está bem que as escolas comecem o que já devia ter sido começado em casa. Mas não penso que essas escolas especiais e esses cursos, muitas vezes camuflados de qualquer coisa como “fazer amigos e influenciar pessoas”, para vender mais, ter sucesso nos negócios, possam contribuir muito com a civilidade do homem, no sentido de sua humanização. Contribuem muito mais no sentido da competitividade, com uma capa de que sabem e podem convencer os outros a fazer o que a pessoa (o indivíduo) quer. Pessoa é uma palavra que perdeu seu significado mais radical, profundo. Quem é pessoa é civilizado, sabe conduzir-se gentilmente em qualquer parte, mesmo que numa comunidade ou grupo de gente muito irada. E como a palavra pessoa se transformou na palavra indivíduo, outras do vocabulário comum também mudaram. Assim: não existem mais os tratamentos de senhor, senhora. Foram trocados por tio, tia, vovô, vovó. Estes, se usados com delicadeza, servem de sinônimos para velho e velha. Mas, na maioria das vezes, são depreciativos.

Num mundo dessa forma, não se admira que chofer ou motorista estacione na frente de uma garagem alheia. O pior é que estaciona mesmo. E sai. E se o dono deseja tirar seu carro, ou tem que sair por causa do horário do seu expediente – não tem outra coisa que fazer: vai e esvazia os pneus do infrator. E se ele chega na hora ainda briga com o dono da casa. Estacionar na rua, mesmo tendo estacionamento, é comum. Dessa forma interrompe o tráfego de muitos por causa de um ato de individualismo exagerado, desconhecendo até as leis civis. As regras de civilidade não escritas são bobagens para tolo ou desocupado.

Um dia destes, estava sendo atendido numa vendedora de automóveis, chegou uma “senhora” muito mais nova do que eu, sem barriga nem criança no braço, nada denotando que fosse “deficiente” e tomou minha frente. Na hora, caiu um documento de sua bolsa e eu imediatamente apanhei e lhe fiz a entrega gentilmente. Sabem o que ela me disse: Nada. Nem me olhou. Vi, então, que era dependente, sim, da própria ignorância, da falta de civilidade. Vejam bem, e até há pessoas que, quando você vai fazer uma gentileza (abre-lhe uma porta, um sorriso, ou faz uma saudação) mostra cara feia (fechada).

Assim como não se perde, socialmente, a educação de um dia para o outro, não se readquire facilmente, até demora mais. Para que nossa sociedade passe a ser civilizada devemos esperar gerações e gerações. Não propriamente esperar, mas todos trabalharem daqui pra frente: governo, instituições, povo, família, escolas – num só sentido. Mas é difícil partir de individualismo tão cruel, onde é pecado ser gentil. Fraco é quem cede a vez. O lucro e o dinheiro são virtudes-padrão.



* Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras,mora em Teresina, Piauí



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