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Erotico-->Memórias de um convento -- 13/11/2002 - 17:26 (Wakko) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Memórias de um convento



O cheiro de sândalo, discreto como uma sutil metáfora, e as frases escancaradas de um anônimo. As três rodeando o altar, debaixo do corpo nu do Cristo, do insuspeito álibi, o melhor dos subterfúgios. "Depois de uma frase sempre virá uma outra, como numa extensão interminável de pica". As cartas chegariam com mais freqüência, curtas como sempre, trazendo sua mistura perigosa de intenções, declaradas com a sacanagem do satã.



"Quero enfiar o meu pau no fundo do seu rabo, ver seu gozo cru escorrer pelas pernas, sair de suas entranhas feito o suor de seu lamento culpado, de sua glória terrena". Elas em pé, e debaixo das vestes apenas os pêlos do sexo escondendo os arrepios. Elas não queriam olhar para cima, ver na cruz as formas daquele corpo iluminado com os adornos do mal, em sangue, em grito ao Pai, prestes a se entregar a morte eterna. Elas não queriam olhar umas para as outras.

"Vou foder a sua bunda até que você se parta no meio e depois despeje no mundo suas lágrimas de dor e prazer. De noite, de quatro, quero ver você gritar e pedir a Deus aquilo que nega de dia." Passaram a rezar mais. A negação das imagens criadas pelas letras trouxeram um auxílio a fé já capenga. Mas era possível sentir o cheiro ancestral e instintivo da virilha, do gozo descendo por suas guelas. As lágrimas começaram a se misturar com o suor toda as noites, e de manhã acordavam três vezes molhadas.

"Quero que você chupe meu pau duro até que eu esporre na sua boca. Quero que pule em cima dele como um puta desvairada em troca de seu trocado". Os terços eram arrebentados às cinco da tarde, antes da Ave Maria.; os panos amarrotados no próprio corpo. O simples olhar dos padres trazia uma insanidade perigosa. Todos ainda muito jovens, recém escolhidos para a vida monástica.

As cartas pararam de chegar no mesmo dia em que aquele noviço se jogou do alto da torre. No chão, um crânio espatifado e uma cara de vergonha. O jovem padre, João Euzébio, morreu numa terça-feira. Na lápide, as mesmas inicias das cartas que as freiras encontraram: "para JE". As três tremiam e puderam então se abraçar. Olhavam para o restante dos que oravam, procurando aquele anônimo no meio do cheiro de almíscar e jasmim dos incensos.

renato cabral - www.oruminante.com.br
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