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Cronicas-->A Peregrina da Paz -- 26/06/2002 - 15:44 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A PEREGRINA DA PAZ




É uma lenda e uma Tradição na literatura dos espiritualistas, a figura de uma mulher americana que denominava-se "peregrina da paz", que caminhava pela América da década de cinquenta levando apenas seus pertences e pregando o pacifismo. Essa romàntica figura humana, que o mundo ao que parece conhece pouco, me inquieta. Como teria sido sua vida? Seria bonita? Uma erudita ou uma rústica? Teria feito alguns namorados pelo caminho? Alguma portas não teriam se abrido para ela? Teria vínculos mundanos? Seria um anjo? Como teria sido a vida e obra da peregrina da paz? Como falta-me dados para saber, só resta-me imaginar, que é o que fazemos quando pensamos sobre o que a realidade seria.

Vejo-a chegando com seus pertences na casa de um casal de ávidos comerciantes. Chove. O chefe da casa, mal-humorado, responde que não tem dinheiro e fecha-lhe a porta na cara.

Ou então na residência de um drogado inveterado, que oferece-lhe um baseado e pergunta se ela quer fazer amor. Com os olhos cheios de compaixão, vendo que ele é um caso perdido, ela prossegue.

Um político pensa em usar sua imagem para sua campanha contra a violência.


Não, Senhor, não é isso que estou procurando - Peace Pilgrim Responde.

Passa pela casa de um pastor que quer pregar-lhe em altos brados, um padre que lhe que explica os fundamentos da teologia de São Tomaz de Aquino, um monge budista que manda a peregrina meditar e não a ouve, e assim ela prossegue pelo mundo, dançando com os ciganos, amanhecendo o dia ao relento com um menino pobre, vendedor de jornal, numa caminhada interminável.

Imagino ela batendo à minha porta. Vejo-a chegando, trazida pelo vento do norte, agora um senhora sexagenária, exausta pela longa viagem.


Pois, não? - Digo-lhe, entreabrindo a porta.

Ela olha-me fundo nos olhos, mas não diz nada. Tira da mochila hippie porém larga e funda uma delicada rosa vermelha e oferece-me ; vai embora.

Ela viu nos meus olhos que já tenho paz, assim como enxergou no fundo da minha alma uma ausência que a paz em si não supre; sua rosa vermelha foi apenas um gesto de solidariedade. Ela sabe o que me falta, e certamente não é paz, nem doutrina, nem entendimento.

Mas isso é um segredo entre eu, a peregrina e o vento do norte. Mais ninguém.


26/06/2002


P.S. Fiquei sabendo depois que Peace Pilgrim caminhou pregando a paz de 1953 a 1981. Tinha olhos azuis.

Marcelino Rodriguez é poeta, escritor, editor e autor de Café Brasil e a Ilha, pela Luz do Milênio Editora.


Concorde.

Discorde.

Esperneie

Ou cale-se.

Recusa-se qualquer disposição em contrário.










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