Usina de Letras
Usina de Letras
293 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62176 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->JABAQUARAS -- 03/10/2009 - 15:54 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jabaquara, do tupi-guarani yab-a-quar-a, significa buraco na rocha ou, segundo outros pesquisadores da língua indígena, lugar para se esconder – quando os jesuítas aqui chegaram, em 1554, este não era um local propício a grandes tabas, pois não havia rios piscosos nem caça na região.

Porém, servia de passagem para os nativos que vinham das beiras dos rios Tietê e Tamanduateí, para alcançar o atual rio Pinheiros.

Lá passavam as noites, abrigados em pequenos buracos, protegidos do frio ou das chuvas.

Tietê é um passarinho que habita matas, principalmente o sertão do Brasil.

Tamanduateí quer dizer, em tupi-guarani, muitas voltas. O rio recebeu esse nome devido ao seu curso, repleto de meandros, as famosas sete voltas, que iam desde a baixada do Glicério até perto da atual avenida São João, antes da retificação no final do século XIX, para encontrar o seu principal afluente, o córrego Anhangabaú, e depois voltar para a atual 25 de Março, rua próxima do antigo mercado de madeira, também construído as margens do Tamanduateí.

Anhangabaú, na linguagem nativa, significa rio do mau espírito.

Os jesuítas e os primeiros paulistas compreenderam logo o valor dessa estrada em suas explorações e assentamentos.

Em meados do século XVII iniciaram-se as primeiras ocupações das terras jabaquarenses.

Nessa época, as pequenas cavernas eram procuradas e ocupadas por negros escravos fugitivos das diversas fazendas da região.

Não existem vestígios de que o lugar serviu para a formação de grandes quilombos.

Viajantes que vinham da Borda do Campo em direção a Santo Amaro também escolhiam esses sítios para descansar as suas tropas.

Nesse mesmo tempo começou a procura de terras por fazendeiros e sitiantes que ali abriram estabelecimentos agrícolas e comerciais. Somente no fim do século XIX a região foi loteada em terrenos, depois que a prefeitura resolveu instalar um logradouro público, o Parque do Jabaquara, para passeios e piqueniques.

O sítio mais antigo da região é o da Ressaca.

A Casa do Sítio da Ressaca, de estilo bandeirista, remanescente do período colonial, foi a casa grande de um sítio localizado nas proximidades do antigo caminho de Santo Amaro. Era banhado pelo córrego do Barreiro, também chamado Fagundes e Ressaca.

Construída em taipa de pilão, em 1719, tem estilo assimétrico, incomum na época. A casa foi habitada até a sua desapropriação, em 1969, para a construção da linha do metrô. Tombada pelo patrimônio histórico, foi restaurada em 1978 e desde 1990 integra o Centro Cultural do Jabaquara, que abriga eventos e exposições.

O grande desenvolvimento da região deu-se em 1925, durante a inauguração da linha de bondes nº 30 – Jabaquara, que começava na atual praça da Árvore e terminava entre as ruas Tiquatira e Jussara.

Outro fator preponderante para a urbanização dos seus arredores foi a construção do aeroporto de Congonhas, inaugurado em 12 de abril de 1936.

Hoje, todo o Jabaquara, criado como distrito em 1964, com mais de 200 mil habitantes, é uma subprefeitura que dispõe de hospitais, escolas, faculdades, centros culturais, administrativos, áreas de lazer, terminal rodoviário e o pátio da linha norte – sul, o primeiro metrô construído em São Paulo.

Destacam-se, no bairro, o Museu da Memória e do Viver Afro-Brasileiro.

Mas, se formos ao Terminal Rodoviário do Jabaquara, de onde partem e chegam ônibus e lotações para a Baixada Santista e Litoral Sul Paulista, e de lá tomarmos ônibus ou condução para Santos, visitaremos outro bairro, também chamado Jabaquara.

Em meados do século XIX, parte desta área era conhecida como sítio do Jabaquara, com rio e morro do mesmo nome.

Envolvidos e entusiasmados com as notícias abolicionistas neste momento histórico, muitos escravos procuravam abrigo em suas imediações, em busca de melhores condições de vida.

A maioria era do próprio litoral. Outros desciam a Serra do Mar a pé, sozinhos ou com parte da família, para assim formar talvez o maior quilombo, já no final da escravidão no Brasil, em 1882, seis anos antes da Lei Áurea, por iniciativa dos abolicionistas Américo Martins e Xavier Pinheiro, em reunião na casa de Francisco Martins dos Santos, que resultou na criação de um quilombo no bairro do Jabaquara

Quilomo, dialeto quimbundo angolano significa muro, paliçada ou aldeia murada.

Os quilombos eram originários de diversas regiões da África, antes do início da escravidão. As tribos separavam-se, fugindo das opressões e criando os seus domínios – os quilombos.

Aqui no Brasil, apartir do século XVII, os escravos africanos e índios começaram a fugir dos maus-tratos pelos senhorios e seus capatazes, isolando-se principalmente nos sertões, formando verdadeiras repúblicas.

Quintino de Lacerda, escravo carismático e conhecido por todos, foi escolhido como líder.

Em pouco tempo o número de quilombolas no Jabaquara chegou a 10.000 pessoas e se tornou uma das maiores colônias de fugitivos da história.

O quilombo organizado com fins políticos abolicionistas teve o seu núcleo inicial em torno das casas de campo dos seus benfeitores.

Os quilombolas ergueram os seus barracos com a ajuda do dinheiro e das jóias recolhidos entre pessoas de bem e comerciantes de Santos.

Boa parte da população local, inclusive senhoras da sociedade, protegia o quilombo das investidas dos capitães-do-mato e da polícia.

Quirino de Lacerda, com isso, cobriu-se de glórias e levou uma vida bastante confortável. Morreu rico, deixando muitos bens para os seus herdeiros, inclusive um pequeno tesouro em jóias de ouro e moedas de prata.

Quintino não foi um guerreiro nos moldes de Zumbi dos Palmares. Era um espécie de administrador, articulador e líder comunitário populista.

Com a República em 1889, Quintino de Lacerda elegeu-se vereador na cidade de Santos.

A entrada principal e boa parte dos seus casebres originais foram tombados pelo Instituto Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo.

Até o início do século XX, muitas famílias negras ainda habitavam o que foi o último quilombo instaurado no Brasil.

Hoje, é dos mais populosos e progressivos bairros da cidade, predominantemente residencial – um dos mais antigos e maiores hospitais do país, a Santa Casa de Misericórdia de Santos, localiza-se aqui.

O bairro já abrigou o Jabaquara Atlético Clube, cuja sede atual fica no Caneleira.

O centro de treinamento do Santos Futebol Clube situa-se também no Jabaquara, assim como o Estádio Eurico Mursa, da Portuguesa Santista, a famosa Briosa.

Dois bairros paulistas de tradições para o orgulho da nossa história!





Roberto Stavale

São Paulo, Setembro de de 2009.-

Direitos Autorais Reservados®



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui