Irmãos da Província de São Vicente Ferrer, América Central:
nós, irmãs e irmãos da Família Dominicana de São Pedro Sula (Honduras), estamos bem, na expectativa dos acontecimentos em curso.
Em virtude dos fatos recentes e do que ocorre agora no Território Nacional quanto à violência, repressão e anulação de todas as garantias constitucionais e individuais dos cidadãos deste país, comunico-lhes alguns pontos importantes:
1. Estão se suspendendo todas as formas e meios de comunicação no território nacional, a fim de não se informar nacional e internacionalmente o que REALMENTE acontece no país sobre os atos repressivos executados pelo Governo Militar de Fato. Isto significa: internet, rádio, televisão e imprensa escrita; além da suspensão, boicote e intervenção nas linhas telefônicas.
2. Há a ameaça e denúncia pública pelo governo de fato de suspender o fornecimento de energia elétrica em todo o território nacional.
3. Cancelaram-se os vôos nacionais e internacionais; estão fechados e militarizados os aeroportos do país. Por isso, a OEA e todos os organismos internacionais que viriam ao país foram impedidos de fazê-lo.
4. O país está um caos, social e militarmente. Adotaram-se ações concretas por parte da polícia preventiva e do exército, tais como: pancadas, maus tratos, detenções, torturas e ataques a instituições de imprensa, de direitos humanos, organizações e sindicatos, professores, ativistas camponeses, feministas, entre outros. Também segue vigente a ordem de decretar prisão a todos os cidadãos, de maneira indefinida. Como exemplo, informo: um estádio em Tegucigalpa está sendo usado hoje não para uma partida alienante de futebol, mas para servir de prisão para insurrectos e lugar de torturas para manifestantes contrários ao golpe de estado militar e ao governo de fato.
5. Devido a tudo isso é muito provável que eu não possa continuar mandando mensagens - como vinha fazendo há poucas horas -, para que se tenha uma ideia da realidade que vivemos no interior do país. É provável também que não possa me comunicar por meios telefônicos.
6. Finalmente, convido-lhes a fazerem circular e-mails, pronunciamentos, chamados solidários, ações concretas e também comunicações via telefônica a fim de gerar pressão e apoio internacional para que a repressão em Honduras não avance ainda mais. Nós, como Ordem e membros de Instituições Religiosas, Conferências de Religiosos e próximos às hierarquias Eclesiais de nossos países estamos obrigados responsavelmente, segundo a palavra de Jesus e seu evangelho da vida, a não ser indiferentes a esta realidade que nos afeta a todos.
Estou consciente, porém, de que não nos afeta a todos da mesma maneira, e de que nem todos vivemos e percebemos estes acontecimentos com o mesmo impacto. Mas estamos todos comprometidos a dar apoio e a comunicar com atitude profética, compassiva e solidária aos que têm os meios e possibilidades de atuação imediata para que o façam em defesa da vida e dos direitos deste povo irmão.
Assim, peço novamente às autoridades locais, às comunidades, às comissões dos diferentes serviços, particularmente ao coordenador de justiça e paz a estarem atentos e em permanente contato com organismos internacionais para propiciar a tomada de postura em defesa dos direitos humanos em Honduras.
* NOTA: Uma comissão religiosa mista visitou Honduras nestes dias. Está em Tegucigalpa. Ainda não confirmamos a informação, mas é bem provável que se encontre participando desta comissão nosso irmão Jim Barnet. Pedimos aos que tenham informação a respeito que facilitem alguma comunicação para também velar pela sua segurança.