Cronos, o tempo, monstro voraz que nos devora a todos.
Engolistes tantos dos meus seres queridos, pela vida a fora.
Vivos na memória, como se no presente, ficaram para trás
Perdidos, sabe Deus, em que remota esquina do passado.
Metis, onde estás? Esquecida hoje, deusa da prudência.
Com sua poção emética que permitiu outrora a Zeus
Fazer com que o pai Cronos lhe devolvesse os irmãos.
Não almejo do Olimpo o trono mas somente amigos.
Amigos queridos, que o tempo se encarregou de afastar.
Conservados na memória e no peito com muito afeto.
Estando mesmo pronto a abrir os braços para envolve-los.
Se puder fazer, Cronos cruel, me devolvê-los quiçá um dia.
Vive o homem entre as dimensões do espaço e do tempo.
Com a ilusão ressecante e enganadora de um finito tempo.
Esquecido de que sua morada é a mais plena eternidade.
Morador do divino, passageiro da luz, buscando a si mesmo.
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