COMPLACÊNCIA COM O MAL
Padre João ModestiQuando rezamos o Pai Nosso dizendo “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos nossos devedores” cumprimos uma ordem divina, que é sempre para o nosso bem. Isto, porém, não quer dizer que devemos ter complacência com os maus e com os males que praticam. Isto acontece quando nós vemos o mal praticado ou que vai ser praticado e não dizemos uma palavra ou não fazemos nada para que isso seja impedido. Não sendo eu o objeto daquele mal, o resto não me deve interessar.
Assim aqueles espetáculos que apresentam nas TV fazem o mal e levam muita gente, máxime os jovens, para o mau caminho; desde que não atinja a minha família, não faço nada para me opor a aqueles espetáculos. Vejo alguém ser assaltado – tão comum hoje nesta nossa querida pátria – eu não presto auxílio nenhum porque não quero ser incomodado.
Faz pouco tempo numa cidade uma pobre mocinha é assaltada, estuprada e por fim assassinada; muita gente assistiu de longe ou das janelas. Ninguém correu em socorro daquela pobre moça. A resposta do egoísmo e sempre o mesmo: “isso não é comigo e não quero arranjar encrencas”. Quantas vezes vemos pelas ruas de qualquer cidade u, pobre indivíduo deitado. Logo o nosso juízo é: é bêbado. E quantas vezes é uma pobre vítima de um ataque. Não procuramos verificar do que se trata, para prestar ou não o nosso auxílio. O nosso egoísmo já julgou de maneira inapelável. E se isso um dia acontece conosco ou com alguém da nossa família, gostaríamos que nos tratassem assim?
É mais uma aberração humana. Julgo-me maior que os outros ou que comigo jamais nada de mal acontecerá ou senão, se acontecer todo o povo acorrerá para me auxiliar.
Que vaidade! Que estupidez! Dizem bem as letras sagradas: “Trate o próximo como você gostaria de ser tratado”.
Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.